Por Alex Solnik, em Brasil 247 –
A decisão monocrática de Renan Calheiros de desconhecer a decisão do presidente da Câmara de anular o ritual do impeachment, atendendo a pedido do advogado-geral da União que fora engavetado pelo presidente da Câmara afastado e até mesmo de desqualificá-la, chamando-a de brincadeira, além de criar uma grave crise institucional não pode ser levada a sério porque ele é suspeito.
Desde que Cunha foi afastado, Renan assumiu seu lugar na sucessão presidencial, e é, portanto, o maior interessado no prosseguimento e no bom sucesso do impeachment.
Há de se questionar, em primeiro lugar, se o próprio Renan, com seu currículo de ações no STF e acusações na Lava Jato tem condições de assumir a presidência da República em caso de afastamento do futuro suposto presidente Michel Temer.
Ainda que a sua ficha não seja tão suja quanto a de Cunha, ele responde por várias ações penais no Supremo desde a época em que foi obrigado a renunciar à presidência, para escapar à cassação, no caso Mônica Veloso, quando faltou com a verdade apresentando documentos falsos para justificar pagamentos à jornalista com a qual mantinha um romance paralelo ao casamento.
Ele responde ao inquérito 2593 no qual é acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso no caso dos bois de Alagoas, de 2007 para forjar uma renda com venda de gado para justificar gastos pessoais e com sua ex-amante Monica Veloso.
É também investigado por desviar R$44,8 mil do Senado em verbas indenizatórias, por usar a cota de passagens aéreas do Senado para pagar viagens de três acusados de serem seus “laranjas” e de um fazendeiro suspeito de fraudar venda de gado.
Também está incurso no inquérito 3589, por crime ambiental, acusado pelo MPF de pavimentar ilegalmente uma estrada de 700 metros na estação ecológica Murici que leva a uma fazenda de sua propriedade.
Pelo comportamento que demonstrou hoje, por sua vida pregressa e pela folha de serviços não prestados ao país, não há dúvida de que Renan é o novo Cunha.
Cabe ao STF tirar mais esse bode da sala da democracia brasileira.
Foto da Capa: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil