Ao jornal ‘Estadão’, especialistas afirmam que variável única, de desempenho maior em unidades de ciclo único, é insuficiente e apontam “outros interesses” para a reorganização imposta por Alckmin
São Paulo – Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, em matéria publicada na edição do último domingo (15), o principal estudo utilizado pelo governo Alckmin para justificar o plano de reorganização do ensino público paulista, que deve causar o fechamento de ao menos 93 escolas, é “inapropriado”.
O jornal teve acesso a documento de 19 páginas por meio da Lei de Acesso à Informação – segundo a reportagem, esse trabalho traz apenas dados já divulgados pela Secretaria da Educação mostrando que escolas de ciclo único, como pretendem com a aplicação do plano, têm desempenho 9,4% acima da média no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) e, por outro lado, as unidades com mais de um ciclo apresentam nota 1,9% abaixo da média.
Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), alega que “em educação não há uma variável que explique tudo”, e destaca que o levantamento desconsidera o número de alunos por escola e o índice socioeconômico. Segundo ele, “tudo indica que são outros interesses. Uma racionalização no sentido de se ter menos professores”. O professor afirma que Alckmin também está fechando “escolas acima da média, que têm só um ciclo”, e conclui que a “proposição da secretaria é muito frágil”.
Outra especialista ouvida pela reportagem do Estadão afirma que “o estudo apresenta uma correlação que não existe”. Para Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos pela Educação, o estudo é inapropriado porque “coloca como única variável a escola ter ciclo único ou não, mas não outros fatores, como o tamanho da escola”.
Em resposta à reportagem, a Secretaria da Educação limita-se a afirmar que “com escolas com um ciclo, certamente teremos um clima propício para a gestão, o uso dos recursos e a melhoria da aprendizagem dos alunos”.