Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado
É inimaginável o resultado atual do golpe contra Dilma. Nem os mais pessimistas poderiam prever no que o Brasil se transformou depois de Aécio Neves iniciar a avacalhação constitucional. Chegamos ao cume do ridículo com a figura caricata do deputado fascista Daniel Silveira sendo o pivô de uma crise séria entre Poderes. Lamentavelmente, estamos na República dos Cafajestes.
Verdade que o poço sem fim foi cavado com esmero pela elite econômica e os meios de comunicação, na gigantesca campanha de apoio às safadezas da Lava Jato contra o ex-presidente Lula.
A esculhambação da vida nacional tem DNA de muitos dos que hoje simulam indignação e surpresa diante do que está ocorrendo.
A corrosão democrática, paradoxalmente, foi cevada pelos que hoje hipocritamente clamam contra a degeneração de todos os valores civilizatórios mínimos de nossa História. Mas está feito, a torpeza ficará para sempre.
O fato é que uma gangue de malfeitores, a começar pela estranha família presidencial, acha que pode tudo, apesar dos evidentes problemas morais, cognitivos e intelectuais de seus integrantes.
As estranhíssimas transações imobiliárias em dinheiro vivo (rachadinhas?), o acúmulo patrimonial inexplicável, a ligação com milicianos, o bando de pastores picaretas mamando em propinas bíblicas, a ignorância indecente de militares que ocupam aos milhares cargos civis, enfim, o esgoto brasileiro foi empoderado.
Para formar o quadro da obra perfeita da destruição, um Congresso de maioria acanalhada teve o desplante de criar orçamento secreto para encobrir a compra da reeleição de seus membros.
E o Judiciário…Ah, o Judiciário. Evidente que Bolsonaro planeja um golpe contra a soberania das urnas, que muito provavelmente devolverão a Presidência da República a Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não é que o TSE, numa demonstração de submissão inadmissível, convida as Forças Armadas para supervisionarem as urnas eletrônicas tão odiadas por Bolsonaro e toda extrema-direita golpista e ignorante?
Para surpresa de ninguém, os generais decrépitos querem aproveitar o medo revelado pelo TSE para forjar mais uma crise institucional.
Enquanto escrevo, a TV anuncia que desde a Páscoa a tornozeleira eletrônica de Daniel Silveira está desligada. Na prática, o valentão marombado está dizendo que “defeca e anda” para as decisões da Justiça.
Se fosse o Lula que desobedecesse a qualquer medida, quantas edições extras do Jornal Nacional não estariam convocando manifestações de rua?
Não estaremos em outubro exprimindo nas urnas o nosso desejo sobre quem deve ser o presidente da República, o que já seria importante demais. Daqui a pouco mais de cinco meses, o Brasil vai viver sua mais decisiva eleição em todas.
Estamos numa encruzilhada entre a barbárie definitiva promovida pelos cafajestes de todos os naipes e a esperança de reconstruir um País aviltado pelos fascistas e sua falta de pudor no trato com a Democracia.
Não se trata mais de uma escolha entre Bolsonaro e Lula ou extrema-direita e esquerda. O embate que já existe e tem data marcada para o duelo final será entre genocidas e civilizados. Por isso também, o palanque tem que ser excepcionalmente amplo.
Mais do que uma expressão gasta que aponta que vamos decidir sobre nosso futuro, agora vamos definir se queremos um País sério ou vamos legitimar pelas urnas a República dos Cafajestes.