Sempre que entro na sala de aula, uma vez por semestre, para conversar sobre jornalismo com alunos da rede pública municipal, eu repito a mesma pergunta:
Quem lê jornal?
Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog
Eu me incomodo com a falta de mãos levantadas e manifestações.
Insisto: quem lê revistas? Quem acompanha as notícias pelas mídias digitais? Que tipo de post vocês leem? E por aí vou eu…
Meses depois, quando leio a edição da Revista Imprensa Jovem, sempre reforço a certeza, como jornalista, de que o problema é nosso e não deles.
Quem lê tanta notícia, cantou Caetano Veloso, quando eu tinha apenas cinco anos. Eram tempos difíceis.
Ler para crer
Hoje, ninguém dá conta de ler tudo o que é noticiado no mundo globalizado, conectado e amplificado nas mídias digitais… E os tempos continuam difíceis.
Desinformação, fakenews, fofocas, manipulação.
Discutimos tudo isso, nós da equipe da Revista Imprensa Jovem, ao lançarmos o desafio para os estudantes do ensino fundamental:
Topam ser repórteres por um semestre, produzir uma reportagem e ter a oportunidade para falar o que considerarem importante para estudantes como vocês?
A resposta é sempre afirmativa.
No final do semestre, aquela sensação de acreditar na rapaziada, como cantou Gonzaguinha, quando eu era uma moça e me preparava para o exame vestibular.
Vivências Culturais
A oitava edição da Revista Imprensa Jovem, lançada no dia 13 de dezembro, teve como pauta única o tema das cultura. Os estudantes de seis Emefs (Escola Municipal de Ensino Fundamental), que integram o Projeto Imprensa Jovem, tiveram a autonomia para montar a pauta, pesquisar, entrevistar, redigir, fotografar e ilustrar, direcionados pedagogicamente pelo/a professor/a responsável.
Eu costumo repetir a cada edição, maravilhada que fico:
os estudantes decolonizam as pautas, colocam identidade nas reportagens e exploram as territorialidades.
A cada edição, sinto tanto orgulho dos reporteres-mirins!
Sobretudo, constato:
os jovens gostam de ler, escrever, produzir, só precisam ter conteúdos direcionados, atualizados e que façam e produzam sentidos.
Nesta oitava edição a cultura se fez presente nas reportagens, não apenas nos temas delas. As vivências culturais dos alunos estão explicitadas.
As ilustrações, as produções literárias autorais, o debate dos temais atuais e urgentes. Também, na presença dos estudantes brasileiros nos círculos mundiais de debates.
“Fazer parte de tudo isso dá uma sensação de liberdade”, resumiu o aluno Murilo de Andrade Pontes Camargo, ao relatar sobre a sua experiência na cultura familiar ancestral.
A arte existe porque a vida não basta
Ferreira Gullart
Dessa arte que realmente importa, nos modifica e, que, em alguns momentos, expressa o que sentimos, inquieta-nos ou modifica os sentidos que damos à vida.
Prof-Dra Camila Escudero, jornalista responsável
Cada região do mundo tem sua própria identidade cultural -ou várias delas. Embora as diferenças possam, à primeira vista, gerar estranhamento, é justamente essa diversidade que atrai o diálogo e cria pontes entre as pessoas.
Prof. Carlos Lima, criador do Projeto Imprensa Jovem e coordenador do Núcleo de Educom/SME-SP