Celso de Castro Barbosa Pelo Facebook –
No tempo em que a ditadura no Brasil era explícita, militar, e os jornalistas brasileiros honravam suas penas, o então coronel do exército Job Lorena Sant’Anna protagonizou espetáculo semelhante ao show do Dallagnol.
Sant’Anna foi escalado para provar que dois terroristas de sua corporação, um sargento e um major, na verdade foram vítimas de um atentado da esquerda no show comemorativo do 1º de maio, no Riocentro, em 1981.
Foi bem sucedido porque o inquérito deu em nada e os verdadeiros terroristas, o sargento Guilherme Rosário e o major Wilson Machado, além de não serem alcançados pela justiça, foram tratados como heróis.
O sargento, postumamente, pois a bomba explodiu em seu colo matando-o instantaneamente. Sua família foi indenizada pelo Estado com direito a honras. E o capitão, ferido gravemente, recuperou-se e alcançou o posto de coronel, que é como vive hoje em Brasília. Sant’Anna foi além. Conquistou a quarta estrela e virou general.
Não fosse um talentosíssimo repórter do Jornal do Brasil, Fritz Utzeri, que desmontou a farsa com reportagem, e a esquerda teria mais essa em sua conta até hoje.
Eu não vi a apresentação do procurador Deltan Dallagnol no dia em que convocou a imprensa amiga a um hotel para provar, sem provas, que o ex-presidente Lula é o inventor e comandante da corrupção no Brasil. Estava no leito de um hospital, sem televisão, mas ontem tive alta e hoje assisti ao show aqui na rede.
A lembrança do Riocentro, especialmente do coronel Sant’Anna, auxiliado por slides nos primórdios do powerpoint, veio imediatamente. A menos que a cidadania se mobilize contra o arbítrio é provável que o procurador vá longe em sua carreira no Ministério Público. Como os camarotes e lopretes que nos cobrem de vergonha todos os dias.