Com as presenças do teólogo Leonardo Boff e do ator e roteirista Gregório Duvivier, a Praça São Salvador, no Flamengo, Rio de Janeiro, ficou lotada no último dia 14 de abril. Não vai ter golpe foi o mote principal nas falas e nas palavras de ordem das centenas de pessoas lá presente.
Leonardo Boff atribuiu à luta de classe o ódio que passou ser externado no país nos últimos tempos: “Toda essa raiva e ódio que tem na sociedade é a raiva contra os pobres, porque eles estavam sempre na margem e agora foram incluídos. Têm luz em casa, têm uma casinha, têm a cesta básica, podem frequentar a universidade, podem fazer seu estudo técnico, isso não havia antes. Então as classes poderosas têm medo, porque [os pobres] estão ocupando os espaços que antes eram reservados a elas. Isso é a intolerância que as classes sempre tiveram na história brasileira”.
O teólogo está otimista quanto a derrota do golpe: “Vai triunfar a razão” na votação do impeachment, marcada para domingo (17), e os deputados “vão perceber que não há motivo sério para aplicar o instituto do impeachment contra Dilma”.
Já ator e roteirista Gregório Duvivier brincou que uma coisa boa do que chamou de golpe é a união que ocorreu entre as esquerdas para se posicionar contra o impeachment. Duvivier destacou que não apóia o governo Dilma, mas que respeita e defende os 54 milhões de votos que a presidenta recebeu: “União não significa unificação, o fato de estarmos unidos não significa que pensamos a mesma coisa. A gente tem que pressionar para o PT ir para a esquerda, porque ela [Dilma] foi eleita por um projeto de esquerda. E depois que a gente barrar o impeachment, que a gente continue nas ruas para pressionar.”
O membro do coletivo À esquerda da Praça, o sociólogo Rudolph Hasan disse que o debate foi pensado para unir duas gerações de militantes de esquerda e denunciar os ataques que ambas vêm sofrendo por se posicionarem publicamente contra o impeachment.
“É muito importante porque tanto o Boff quanto o Gregório estão sofrendo uma perseguição muito grande por estarem se posicionando a favor da democracia. As páginas dos dois nas redes sociais foram muito atacadas recentemente”.
Segundo Hasan, diante da proximidade da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o papel da militância é ocupar as ruas. “O que a gente pode fazer é somar nas ruas e demonstrar para o Parlamento que há uma massa da população que é contra esse processo golpista”.
Fonte: Agência Brasil, EBC – Empresa Brasil de Comunicação
Fotos: Américo Vermelho