Compartilhado de Rede Brasil Atual –
Mais de 100 mil pessoas se suicidam por ano nas Américas. A maioria jovens. Com a angústia, ansiedade e depressão em tempos de covid-19, os alertas para a prevenção devem crescer
As questões envolvendo problemas psicológicos relacionados à pandemia preocupam médicos e especialistas em todo o mundo. No último fim desta semana, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) divulgou um alerta sobre os riscos aumentados para suicídios. “Estudos recentes mostram um aumento da angústia, ansiedade e depressão, especialmente entre os profissionais de saúde”, afirma a entidade.
Para o chefe de saúde mental e abuso de substâncias da Opas, Renato Oliveira e Souza, a velocidade com que a pandemia abateu o mundo deixou o tema da saúde mental ligeiramente de lado, especialmente em relação ao risco de suicídio. “Nós ainda não sabemos como o aumento da depressão, da violência doméstica e do uso de substâncias afetará as taxas de suicídio, mas é importante conversar sobre o assunto, apoiar uns aos outros nestes tempos de pandemia e conhecer os sinais de alerta de suicídio para ajudar a preveni-lo”, disse.
Os distúrbios que podem levar ao suicídio possuem relações diversas com a pandemia de covid-19. “Questões de violência, transtornos por consumo de álcool, abuso de substâncias e sentimento de perda, tornam-se fatores importantes que podem aumentar o risco de uma pessoa decidir tirar a própria vida”, prossegue a entidade.
Setembro amarelo
O mês de setembro carrega o simbolismo de uma campanha mundial para chamar a atenção para a saúde mental. Desde 2003, Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP), em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), promove o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, no dia 10.
A temática é de extrema relevância e preocupa especialistas. Apenas nas Américas, 100 mil pessoas cometem suicídios, em média, por ano. A maioria dessas pessoas (36%) é jovem, entre os 25 e 44 anos. Na sequência (26%), vem a faixa etária entre os 45 e 59 anos. Já entre a distribuição de gênero, homens são mais propícios; 78% dos casos são ligados ao sexo masculino.
“Neste ano de 2020 nos encontramos em circunstâncias muito inesperadas e desafiadoras devido ao enfrentamento da pandemia da covid-19. O impacto do novo coronavírus provavelmente afetou o bem-estar mental de todos. E é por isso que neste ano, mais do que nunca, é fundamental que trabalhemos juntos para prevenir o suicídio”, completou Renato Oliveira e Souza.
Atenção e prevenção
De acordo com a Opas, a maioria dos suicídios acontece após a pessoa dar sinais “como falar sobre: querer morrer, sentir grande culpa ou vergonha ou sentir-se um fardo para os outros. Outros sinais importantes são sensação de vazio, desesperança, aprisionamento ou falta de razão para viver; sentir-se extremamente triste, ansioso, agitado ou cheio de raiva; ou com dor insuportável, seja emocional ou física”.
Também estão relacionadas alterações comportamentais, tais como pesquisar maneiras de cometer suicídio, afastar-se de amigos e família, dizer adeus, fazer testamento, distribuir bens, fazer coisas arriscadas, mudanças extremas de humor, comer e dormir pouco e usar drogas e álcool com maior frequência.
Aproximar as pessoas de um tratamento adequado é a forma mais correta de prevenir o aumento do risco de suicídio. “O suicídio pode ser evitado e há intervenções eficazes disponíveis. A nível pessoal, a detecção precoce e o tratamento da depressão e dos transtornos por uso de álcool são essenciais para a prevenção do suicídio, bem como o contato com pessoas que já tentaram o suicídio. O apoio psicossocial nas comunidades é muito importante para o aconselhamento nesses momentos. Em caso de detecção de sinais de suicídio em si mesmo ou em alguém, a recomendação é procurar ajuda de um profissional de saúde o mais rápido possível.”
Em tempos de covid-19, as recomendações devem prosseguir, mesmo em tempos de isolamento. Que as pessoas não deixem de ter outras por perto, com atenção adequada. “A OPAS também recomenda incorporar o apoio à saúde mental e psicossocial nos planos e esforços de resposta à covid-19. Algumas recomendações incluem atendimento remoto ou virtual, adaptação e disseminação de mensagens para a população em geral, bem como para as populações de maior risco, e treinamento de profissionais de saúde e outros membros da comunidade sobre o assunto.”