Em tempos que se confunde a bandeira do Japão com falso projeto de mudar a bandeira do Brasil colocando a cor vermelha, é bom que se esclareça aos coxinhas desinformados (deve ser um pleonasmo) que o Roberto Freire que agora se transforma em ministro golpista da Cultura não é o Roberto Freire, psiquiatra, escritor, diretor de cinema e teatro. Este faleceu em 2008 e deixou obras que marcaram a juventude de muitos que hoje passam dos 50 anos.
Roberto Freire, o digno, foi autor de obras literárias como Cleo e Daniel, Sem entrada e sem mais nada, Coiote e os ensaios Utopia e Paixão, Sem Tesão Não Há Solução e Ame e dê Vexame.
Este Roberto Freire, certamente, seria um ministro da Cultura bem mais apropriado do que o ex-comunista que bandeou para o lado tucano, tendo criado um partido que sobrevive a reboque da turma de FHC, Serra, Alckmin, Aécio e outros indignos. Mas não seria ministro de um governo golpista. Certamente.
Em 2003, Roberto Freire, o digno, lançou a autobiografia Eu é um outro. Mas, tenham a certeza de que ele não se referia àquele de quem falamos agora. Este que vai sentar numa cadeira que o golpista mor Temer tentou desmontar assim que se aboletou no lugar indevido. Só não o fez porque houve uma grande revolta da esquerda, comandada pela valorosa classe artística.
Roberto Freire, psiquiatra, deixou claro que “estar vivo não nos distingue radicalmente dos mortos, mas estar apaixonado, sim”. Para este que acha que está vivo, vive só pelo amor ao poder, sendo provindo de golpe ou não, que fique o registro: Roberto Freire, o que morreu, está vivo na memória da cultura brasileira; o outro, agora ministro golpista, morreu há muito tempo.