Roda Viva com Glenn Greenwald: Vergonha

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Por Ademir Assunção, jornalista, poeta, Facebook

O Roda Viva com Glenn Greenwald foi uma das entrevistas mais constrangedores que já vi em minha vida. Não pelo entrevistado. Pelos entrevistadores.

Jornalistas defendendo os interesses de seus patrões – e não o interesse público por informações, e não a própria profissão – é algo deprimente.




O ápice foi quando Gabriel Mascarenhas, do jornal O Globo, com voz visivelmente alterada pelo nervosismo, disse “o grupo Globo já se posicionou sobre isso” – se sentindo na obrigação de se contrapor às informações de colaboração entre a Rede Globo e procuradores da Lava Jato. Deus meu, que vergonha.

Seria muito interessante também uma análise semiótica do novo Roda Viva. Os entrevistadores todos bem vestidos, bem penteados, ternos, camisas e roupas alinhadas, todos bonitinhos, mas bem ordinários – num cenário clean, fashion, eu diria, bem apropriado à mentalidade neoliberal: caricatura de modernidade, mas constrangedoramente falso e enganador.

Quanta diferença de jornalistas como Tarso de Castro, João Antônio ou Jânio de Freitas.

Quando me perguntam, espantados, por que estou exilado da imprensa, com 36 anos de experiência profissional, simplesmente respondo: por isso.

Estou exilado da minha profissão. Estou exilado dentro do meu próprio país. Porque tenho vergonha na cara.

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