Por Ricardo Pereira da Silva, Coletivo Resistência –
Véspera de Natal e, como de hábito, vou visitar amigos e parentes. Mesmo não entendendo ao certo o porquê, pois com o golpe e as perdas de direitos ocorridas ao longo de 2017, certamente, não há muito o que comemorar. Um ano medonho que lembra um livro do Stephen King, onde uma situação pavorosamente ruim não para de piorar.
Mesmo assim fui às visitas, pensando que era o único chato de Guarulhos ou, até mesmo, de toda a Grande São Paulo que não tinha notado e nem se importava com a chegada do Natal. Pois, no meio desse apocalipse coxinha-zumbi, que nos leva de volta a era medieval, ser fútil e acompanhar a manada nessa glorificação do consumo é um exercício de negação da realidade tão absurdo que fica difícil encontrar palavras capazes de descrever tamanha insanidade.
Porém, com o cair da noite, noto que não há quase iluminação de Natal nas casas e apartamentos, que a meia noite quase não há queima de fogos (certamente um alívio para cães, gatos e outros bichos) e continuo em todo o trajeto observando não somente a falta de “lampadinhas” e demais adereços de gosto duvidoso, como também o baixo tráfego de veículos, além de um silêncio sepulcral.
Tornando nítido que, embora eu deva ser um dos poucos a entender que quem roubou o Natal e nossa alegria no resto do ano foi o golpe de 2016 perpetrado pela mídia, mercado financeiro, legislativo e pelo Judiciário mais canalha e elitista da história, o golpe fez, possivelmente, muitos outros também não notarem e não se importarem com a chegada do Natal, pois no pós-golpe a tristeza é o novo normal.