“Amigo íntimo de um violão que o acompanhava na carreira, nada vadio, mas boêmio, e camarada de um cavaquinho chorão pelo qual se fez entender para o sucesso na voz de Beth Carvalho, o carioca Ruy Quaresma, também arranjador conceituado nas lides do samba, começou cedo no ramo, estimulado pelo espelho caseiro de pai e avô, músicos amadores, e de Lindaura Rosa, viúva de Noel, a quem, menino ainda, acompanhava em festas familiares.
No palco de um clube da mesma Vila Isabel exaltada em “Flor dos Tempos” por Nei Lopes, ex-morador do bairro, sobre melodia nascida em suas cordas, Ruy teve estreia ao violão, com 14 anos de idade, em companhia dos excelentes integrantes do Fórmula 7 (no qual já tocavam, por exemplo, Hélio Delmiro, Luizão Maia, Márcio Montarroyos e Hélio Celso).
De Paulinho Nogueira, guardava lembrança significativa de um método do referencial campineiro que lhe fora presenteado por um tio, com noções fundamentais à sua formação, a qual, tempos depois, ainda se enriqueceria por meio de estreito contato com nomes exponenciais, como K-Ximbinho, Laércio de Freitas, Paulo Moura, Lyrio Panicali e Radamés Gnattali, os dois últimos, em 1969, quando de estágio na Rádio MEC e como arranjador principiante da orquestra da TV Globo.
Recentemente, pela sua Fina Flor, foi responsável por arranjos, produção musical e lançamento de CDs de ótima realização, como os do Sururu na Roda e solos das expressivas mulheres desse quarteto, Nilze Carvalho e Camila Costa, do Quarteto em Cy, de Sanny Alves e do já citado Nei, seu polissilábico parceiro em outro samba,”Saracuruna-Seropédica”.
- a) lamento o recentíssimo passamento de Ruy Quaresma, aos 69 anos. Ex-proprietário e anfitrião do Lapinha, na Lapa, casa noturna, infelizmente, de curta existência, a qual primava por apreciável atendimento, cardápio e sistema de som. Uma casa, que frequentei regularmente, de muita qualidade nos shows entre as atrações apresentadas. Descanse em paz, maestro;
- b) dedico esta postagem à flautista Tereza Quaresma, ao jornalista Hugo Sukman, ao pianista e gastrônomo Alfredo Galhões, ao querido amigo Luís Carlos Pimenta e à cantora Sanny Alves, por quem soube, em seu perfil no Facebook, da triste notícia em tela;
- c) nos “links” acima, composições de Ruy Quaresma: “Valsa Rosa”, na voz da parceira, Camila Costa; “Cavaquinho Camarada”, com Beth Carvalho; “Samba de Luanda” (parceria de Nei Lopes), com Sanny Alves; “Samba em Cy” (parceria de Nei Lopes), com o Quarteto em Cy; “Futuro Vizinho”, com o autor.