Por Luiz Antonio Simas no Facebook –
Diz a hagiografia que Gonçalo nasceu em Tagilde, Portugal, por volta de 1187. Foi nomeado pároco de São Paulo de Vizela. Visitando Roma e Jerusalém, caiu em angústia por achar que Cristo não devia ser celebrado com pompas.
Gonçalo finalmente encontrou na cultura popular a maneira de falar de Jesus Cristo. Reza a tradição que, quando pregava para as putas, Gonçalo se vestia de mulher, com muitas fitas coloridas, tocava viola e dançava. Usava pregos nos sapato, para mostrar que a alegria da dança curava a dor e era divina e, ao mesmo tempo, para que a mortificação não o desviasse do caminho da fé. Gostava de organizar bailes para as mulheres da zona. Como vigário, celebrou matrimônios de mulheres que não eram mais virgens, o que irritou os mais tradicionais.
São Gonçalo morreu no dia 10 de janeiro de 1259 em Amarante, no Douro. É considerado o protetor dos violeiros e das vítimas de enchentes (fato provavelmente relacionado a uma ponte que ele construiu em mutirão sobre o rio Tâmega, para ajudar os mais necessitados que precisavam cruzar o rio para trabalhar).
Em virtude da tradição de celebrador dos matrimônios que a Igreja condenava, São Gonçalo tem fama de casamenteiro. Por conta disso, ainda, em seu louvor são oferecidos as tíbias em forma de caralhinhos, patrimônios da cultura portuguesa, como pedido e pagamento de promessa pela alegria nos sortilégios da paixão. É dos mais simpáticos santos do cristianismo popular das gentes miúdas e seu exemplo serve pra que parem de dizer que estamos retrocedendo ao mundo medieval; interessantíssimo e bem distante do puritanismo de quinta categoria que grassa nos nossos dias.
As duas fotos são dos “caralhos” de São Gonçalo, doces da melhor tradição do catolicismo português
* O título é do Bem Blogado.
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