Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –

Tombou morto em outubro de 1918, num dia tão tranqüilo em toda a linha de frente que o comunicado se limitou a uma frase: “Nada de novo no front”. (Trechos do livro “Nada de Novo no Front”, 1920, de Erich Maria Remarque)

Sarau Delivery nem precisa bater à sua porta hoje para lembrar que são 250 mil mortos no Brasil pela Covid-19. Lembra ainda dos horrores da guerra, destacando o livro do alemão Erich Maria Remarque, “Nada de Novo Front”. Na obra queimada posteriormente por Hitler, o personagem Paul reflete sobre a tragédia e vê no front a dignidade e a solidariedade em companheiros de trincheira e inimigos, mas responsabiliza os governantes pelas atrocidades da guerra, pelo descaso para com soldados, feridos ou mortos.

Infelizmente, neste nosso Brasil de hoje também há muita indiferença na trincheira e não se identifica com clareza os reais responsáveis pelas mortes desta guerra, na qual muitos dos 250 mil mortos poderiam ter sobrevivido.

Aqui um desabafo de um amigo: “Se levassem a sério e tivessem norte no sentido de solucionar a pandemia e salvar vidas… Tivessem levado a sério as vacinas, teríamos uma perspectiva para o último trimestre deste ano. Do jeito que está, nem no ano que vem o país passa a ter “um novo normal positivo”. Esse governo quer que as pessoas se danem. Não os vi falar (mas podem ter dito), mas parece que agem como se morrer de Covid seria como uma seleção natural da espécie. ‘Os mais fortes sobreviverão’. A barbárie faz parte dessa gente que apossou do governo.”

Outro amigo lembrou que nos primeiros 100 dias de pandemia fomos de zero a 50 mil mortos e que, a partir dos 200 mil, o Brasil pulou para 250 mil mortos em 48 dias.

A extensão das 250 mil mortes pela Covid-19: se colocássemos um caixão em seguida ao outro, estes iriam do início da Avenida Brasil no Rio de Janeiro até toda a extensão da Rodovia a Dutra, chegariam à São Paulo na Marginal Tietê e iria até o final da Marginal Pinheiros. Seriam 500 quilômetros de caixões.

Mas, infelizmente, muita gente não faz uma reflexão sobre estas milhares de mortes. Antes, utilizamos o Maracanã para falar, na época, em julho passado, dos 80 mil mortos. Hoje, já choramos as mortes de Maracanã, Morumbi, Mineirão e Beira-Rio lotados.

Boa parte segue de cabeça baixa, aceitando os desígnios do deus capital, sob a omissão da dita grande mídia, e a inação de governantes que fingem se importar, mas que rabiscam nas pranchetas um grande plano de extermínio.

Veja aqui um vídeo desabafo de Daniel Farias, ator, poeta, compositor, dramaturgo e bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia.O artista, numa fala com todas as palavras com as iniciais com a letra D,  aponta aqueles que empurram grande parte da população brasileira ao matadouro.

Além deste vídeo, conheça um pouco mais sobre o livro “Nada de Novo Front, de Erich Maria Remarque, em documentário e textos. Faça um pouco de reflexão com as músicas de Milton Nascimento e Fernando Brant  e com  Joyce, cantando Maurício Tapajós s Paulo César Pinheiro. Elas lembram nossas tragédias e pesadelos de ontem, hoje e sempre.

Aqui, o desabafo de Daniel Farias.

Desgosto diante do descaso do déspota desdenhando da dimensão desta doença / Desânimo diante da descaração do degenerado desvirtuando dados / Desgastada democracia desfalece diante dos discursos ditatoriais….

Milton Nascimento & Uakti:  “Promessas do Sol” (Milton e Fernando Brant), 1996

Você me quer forte / E eu não sou forte mais / Sou o fim da raça, o velho que se foi (…) Me levaram tudo que um homem podia ter / Me cortaram o corpo à faca sem terminar / Me deixaram vivo, sem sangue, apodrecer (…) Promessas de sol já não queimam meu coração / Que tragédia é essa que cai sobre todos nós? / Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?

Grupo Uakti: Artur Andrés Ribeiro: Flauta; Décio de Souza Ramos Filho: percussão; Paulo Sérgio dos Santos: percussão.
Flávio Venturini, teclados e voz, Lô Borges,violão e voz; Andy Summers, violão

Joyce canta “Pesadelo” (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro)

Quando o muro separa uma ponte une / Se a vingança encara o remorso pune / Você vem me agarra, alguém vem me solta / Você vai na marra, ela um dia volta / E se a força é tua ela um dia é nossa / Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando / Que medo você tem de nós, olha aí / Você corta um verso, eu escrevo outro/ Você me prende vivo, eu escapo morto / De repente olha eu de novo….

‘Nada de novo no front’: 90 anos de um clássico
Livro de Erich M. Remarque é uma obra-prima que fala não apenas sobre os horrores da Primeira Guerra Mundial, mas também sobre a desilusão humana com o mundo moderno. É leitura ainda hoje indispensável.

https://www.cafehistoria.com.br/nada-de-novo-no-front/

“Nada de Novo no Front”  (um trecho)

http://naodiganada.blogspot.com/2010/03/nada-de-novo-no-front-um-trecho.html

Aqui, um vídeo sobre o livro “Nada de Novo no Front” e sobre o autor, Erich Maria Remarque

“Aos dezoito anos de idade, Erich Maria Remarque conheceu as trincheiras alemãs da Primeira Guerra Mundial. Foi ferido em três ocasiões. Saiu do conflito profundamente marcado e perplexo com a crueldade da guerra. Durante a década de 20, enfrentava a insônia carregada de fantasmas tomando notas sobre os horrores que viu e viveu no fronte.

Os rascunhos formavam o núcleo de um romance. Publicado em livro no ano de 1929, Nada de novo no front firmou uma posição radicalmente pacifista em um mundo que ainda via a guerra como uma alternativa política e determinou o perfil antibelicista que habita a literatura ocidental até hoje.

O protagonista é Paul, jovem alemão de família humilde que, como tantos da sua geração, deu ouvidos aos pais e professores, abandonou a escola e partiu para uma guerra que – conforme descobriria – não era sua.

Não bastasse a legitimação que faz do ser humano pacifista, o livro é assustadoramente comovedor. Resiste ao tempo graças à simplicidade do seu estilo aliada à franqueza com que trata dos sentimentos humanos.”

Vá ao canal do Youtube do Bem Blogado. Curta, compartilhe e assine:
https://www.youtube.com/user/bemblogado/featured

Sarau Delivery é um projeto do Bem Blogado que traz diariamente homenagens a artistas ou apresentações para o público que está em casa, recolhido no combate ao coronavírus.

A seção está aberta para músicos, poetas, contadores de história…

Preencha seu tempo com arte e resistência!