Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
Sarau Delivery, a arte nos tempos do coronavírus, chega hoje à sua septuagésima apresentação. Desde 23 de março, pouco depois do início da quarentena, começamos com o Sarau e quem o estreou, generosamente, foi o grande cantor e compositor Carlinhos Vergueiro. E hoje, para completar os 70 dias, volta ao palco o próprio, o amigo, talentoso Carlinhos.
Curioso, fui buscar o significado do número 70, na numerologia e vejam o que deu: simboliza Deus e as energias do universo, sabedoria interior, intuição, potencial, análise, espiritualidade e introspecção. Que a nossa quarentena seja repleta de 70.
Aqui, Carlinhos Vergueiro nos envia o vídeo cantanto e tocando “Maria e Ademar”, dele e de Paulo César Feital. A música nos sensibiliza, nos levando ao lugar de pessoas simples, do cotidiano da periferia, do subúrbio. Simples e felizes com o que tem e o que podem ter.
Com mais de 150 canções gravadas, Carlinhos Vergueiro tem parcerias com Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Toquinho, Sueli Costa, J. Petrolino, Paulo César Pinheiro, Elton Medeiros, João Nogueira, Paulinho da Viola, entre outros.
Entre suas composições mais famosas: “Por que será?”, com Vinicius de Moraes e Toquinho (1977); “Torresmo à Milanesa”, com Adoniran Barbosa (1980); “Camisa Molhada”, com Toquinho (1976); “Como um Ladrão” (1975) e “Nosso Bolero”, com Chico Buarque (1986); “Tocaia de Cobra”, com Paulo César Pinheiro (1998); e “Dia Seguinte”, com J. Petrolino (1978), gravada por Beth Carvalho).
Parceiro de Carlinhos Vergueiro, Paulo César Feital é autor/compositor, poeta e teatrólogo. Aos quatorze anos, sua primeira música foi gravada por Moreira da Silva.
Com mais de 400 músicas, Feital foi gravado por Milton Nascimento, Nana Caymmi, Chico Buarque, Emílio Santiago, Alcione, Beth Carvalho, Leny Andrade, MPB-4, Danilo Caymmi, Quarteto em Cy, João Nogueira, Zezé Mota, Cauby Peixoto, Pery Ribeiro, Tim Maia, Selma Reis, Sandra de Sá, entre outros. No Exterior, por Luz Marina, Don Barrows, Lucho Gatica e Barry Mannylow.
Sarau Delivery, uma seção do Bem Blogado, traz diariamente artistas fazendo apresentações para o público que está em casa, recolhido no combate ao coronavírus.
A seção está aberta para músicos, poetas, contadores de história…
Que o seu tempo seja preenchido com arte.
Sempre lembro o escritor, poeta e político francês, Lamartine, que disse ser da cor de todos aqueles que são perseguidos. Que olhemos para a Maria e o Ademar, descritos por Carlinhos Vergueiro e Paulo César Feital, principalmente nestes tempos de quarentena, quando a pobreza material leva à morte precoce.
“Maria e Ademar” (Carlinhos Vergueiro e Paulo César Feital)
Um pano de prato escrito bom dia
Na sala o retrato dos dois no altar
Sofá estofado das casas Bahia
tapete bem-vindo na porta do lar
As frutas de cera do lado da pia
cheiro de tempero pairando no ar
ela naturalmente se chama Maria das prendas do lar
um carro comprado num ferro em Caxias
E remodelado nos fundos de um bar
Um fusca forrado vermelho sangria
No espelho uma guia de Ogum Beira Mar
Painel com as fotos da sua Maria, Wellington e Lia, orgulhos do pai
Ele é vendedor de licor de ambrosía lá do Paraguai
Esperam ansiosos domingo de dia
Wellington, Lia, Maria e Ademar
Farofa, galinha, pernil em fatias isopor com gelo, coca e guaraná
Lá vai o fusquinha, que coisa mais linda, num doce balanço a caminho do mar
E vão tão felizes, no fundo, no fundo que inveja que dá!!
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