Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
“A justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços”
(Eduardo Galeano)
Sarau Delivery, a arte nos tempos do coronavírus, vem, mais uma vez, se rebelar, com arte, à covardia da “ordem superior”. Veja Adoniran Barbosa e o dirigente do MST, Silvio Netto se levantando contra a covardia de uma desocupação:
Assista aqui o vídeo com Adoniran Barbosa, participação especial de Gozaguinha, em “Despejo na Favela”, música de 1969 (com ditadura, AI-5 e o escambau) editado com imagens atuais da desocupação do Acampamento Quilombo Campo Grande, em Minas (com pandemia, covardia, autoritarismo de Romeu Zema, demais bolsonaristas e o escambau).
Vídeo com o dirigente do MST, Silvio Netto sobre a desocupação no Acampamento Quilombo Campo Grande: “No fundo não acreditávamos que seria possível tamanha covardia em meio a esta pandemia (…) Resolvemos encarar de frente esta política de morte:
Pra mim não tem “probrema” / Em qualquer canto eu me arrumo / De qualquer jeito eu me ajeito / Depois, o que eu tenho é tão pouco / Minha mudança é tão pequena / Que cabe no bolso de trás / Mas essa gente aí, hein? / Como é que faz?
A voz, a poesia de Adoniran Barbosa sempre foi pelo povo, apontando, muitas vezes, numa forma sarcástica, as injustiças sociais, expondo o autoritarismo. E é assim em “Despejo na Favela” aqui editado pelo editor de arte do Bem blogado, Renato Flor. Mas essa gente aí, hein? / Como é que faz?
“Despejo na Favela” (Adoniran Barbosa)
Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E, contra seu desejo
Entregou pra seu narciso
Um aviso, uma ordem de despejoAssinada, seu doutor
Assim dizia a petição
Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chãoÉ uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô, meu senhor!
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô, meu senhor!
É uma ordem superiorNão tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do tratorPra mim não tem probrema
Em qualquer canto eu me arrumo
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trásMas essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Mas essa gente aí, hein?
Com’é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô, meu senhor!
Essa gente aí
Como é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô, meu senhor!
Essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Aqui, “Saudosa Maloca), com Elis Regina, na página de Youtube de Noemi Hime, que fala: “Elis Regina interpreta de forma magnífica a linda e triste música de Adoniram Barbosa. Fala sobre a desapropriação de casas simples para a construção de grande prédios e a dor que isto causa.”
https://www.youtube.com/watch?v=meq-IkTIsGQ
Beth Carvalho canta “Despejo na Favela”, da página do youtube de Centro de Memória Sindical Música e Trabalho. Veja o que é descrito:” Adoniran Barbosa retrata o despejo na favela, fato tão real nos dias de hoje Entre a tristeza e a dor, até o oficial de justiça sente aperto no coração.”
https://www.youtube.com/watch?v=eGcJKnmBMiY
No dia 15 de agosto, trouxemos no Sarau o cantor e compositor, ativista pela justiça no campo, Pedro Munhoz, protestando em razão da desocupação, em plena pandemia, do Acampamento Quilombo Campo Grande. Veja:
https://www.youtube.com/watch?v=xmYjZrO4VyQ
Capa do blog: imagens da desocupação do Acampamento Quilombo Campo Grande, no qual foram tulizadas até projéteis e Adonira Barbosa.
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