Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
Sarau Delivery apresenta uma verdadeiro festival de recordações sobre a era dos festivais com o produtor Adonis Karan (perdoem o trocadilho).
Adonis Karan assessorou ou comandou os principais eventos do final da década de 60 para o início da década de 70. O produtor cultural foi diretor das TVs: Tupi, Record, Excelsior, Educativa, Manchete e Globo para assuntos de festivais.
Amigo na Ilha de Paquetá, Adonis Karan é aquela pessoa que se sobressai com simpatia e desperta interesse nos bate papos de mesas de boteco, nas barcas, nas praias e nos restaurante da Ilha.
Solidário, dono de uma memória brilhante sobre a música nas décadas de 60 e 70 (embora a modéstia o impeça de aceitar este brilhantismo), Adonis Karan foi imprescindível nos bastidores para que grandes artistas ganhassem os palcos dos festivais.
Na entrevista que vocês verão abaixo, Adonis Karan comenta e dá a sequência correta dos festivais, falando das polêmicas, da censura na ditadura, dos bastidores.
Bastidores de, por exemplo, como se deu a escolha de Sabiá, Chico Buarque e Tom Jobim, em detrimento da favorita do público “Para Não Dizer que Não Falei de Flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré.
Em meio às vaias para Sabiá, Vandré, gentilmente comprou a briga por Chico e Tom, pedindo respeito à música e pontuando que “a vida não se resume em festivais”.
Pelo depoimento de Adonis Karan, ficamos em dúvida se a afirmação de Vandré estava totalmente correta, pois, pelo jeito, em plena ditadura militar, a vida da resistência cultural se resumia em festivais.
Vejam o vídeo da entrevista feita pouco antes da pandemia na Ilha de Paquetá, com os amigos Chico Mendes, Claúdio Motta, Guilè Santos (também cinegrafista), Júlio Marques e Washington Luiz de Araújo, e editado durante a mesma, por Américo Vermelho e Washington, cada um no seu quadrado. Curtam também as principais músicas que fizeram esta história, logo abaixo da entrevista.
Principais músicas citadas por Adonis Karan na entrevista:
I Festival Internacional da Canção Popular – 1966
Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros), interpretação de Jair Rodrigues
“A Banda” (Chico Buarque), intérprete: Nara Leão
“Eu e a Brisa” (Johny Alf). Música de Johny Alf não classificada no I Festival Internacional da Canção
II Festival Internacional da Canção Popular – 1967
“Ponteio” (Edu Lobo e José Carlos Capinam), Intérpretes: Edu Lobo e Marília Medalha
Beto Bom de Bola (Sérgio Ricardo)
II Festival Internacional da Canção Popular – 1968
“Sabiá” (Chico Buarque e Tom Jobim), intérpretes: Cynara e Cybele.
Geraldo Vandré (“Pra não dizer que não falei das flores”) ao vivo no festival. Não existem imagens de Vandré, só o áudio.
Festival “O Brasil Canta no Rio”.
Taiguara canta “Modinha” (Sérgio Bitencourt),
“Ultimatum” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle). Intérpretes: Marcos Valle e Anamaria Valle
I Festival Universitário da Música Brasileira
1968 – “Helena, Helena, Helena” (Alberto Land). Intérprete: Taiguara. I Festival Universitário da Música Brasileira
II Festival Universitário da Música Brasileira
1969 – “O Trem” (Luiz Gonzaga do Nascimento Jr.). Intérprete: Gonzaguinha, arranjo de Luiz Eça
“Amigo é pra estas coisas” (Aldir Blanc e Silvio da Silva Júnior). Interpretação: MPB4. Música não selecionada para a final.
III Festival Universitário da Música Brasileira
1970 – Dia 5 (Ruy Maurity e José Jorge). Intérprete: Ruy Maurity
III Festival Universitário da Música Brasileira
1971 – “Na Hora do Almoço” (Belchior). Intérprete Belchior
Festival “O Brasil Canta no Rio”
“Você passa e eu acho graça” (Ataulfo Alves e Carlos Imperial). Intérprete: Clara Nunes.
Festival de Música de Carnaval
“Máscara Negra” (Zé Kéti). Intérprete: Zé Kéti
“Bandeira Branca” (Max Nunes e Laércio Alves). Intérprete: Dalva de Oliveira
“Cabeleira do Zezé” (José Roberto Kelly e Roberto Faissal).
Obs.: O título da postagem é o mesmo do vídeo e também que utilizamos anteriormente, sobre Adonis Karan, publicado no Bem Blogado. Não encontramos outro que definisse melhor esta grande personalidade.
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