Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
Sarau Delivery poderia estar aqui hoje trazendo um artista, um trabalhador da arte na resistência em tempos de pandemiza, mas como o dia nos obriga, falaremos do golpe militar que acometeu o Brasil em 31 de março de 1964.
Recordar sempre para que não se repitam nunca tantas atrocidades, tantos assassinatos, tanta censura, tanto retrocesso educacional, cultural e econômico, tanta afronta á democracia.
Para falarmos desta data terrível, mas que ensinou a muitos (outros, nem tanto), vamos homenagear neste Sarau uma das mulheres que sofreram nas mãos dos carrascos: Rose Nogueira.
Assista também alguns filmes que o Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio indica abaixo sobre a ditadura. Veja ainda depoimento de Chico Buarque em 2016, época em que nossa democracia começava a correr grande risco, com a ameaça do fascismo.
Conheça mais sobre corajosa mulher no texto que a Rede TVT criou quando Rose Nogueira deu entrevista a Juca Kfouri há dois, nos 55 anos da implantação da ditadura, cujos estilhaços nos afetam até os nossos dias. E como afetam!
“Rose Nogueira foi presa e torturada pela ditadura, ao lado do filho de apenas um mês, e chegou e dividiu cela com a ex-presidente Dilma Rousseff.
Rose trabalhava no jornal Folha da Tarde quando foi presa pela ditadura, em 1969. Seu filho tinha apenas 33 dias de vida. Levada ao DEOPS foi torturada e depois transferida para o presídio Tiradentes, onde dividiu cela com mais de 50 mulheres, entre elas a presidenta Dilma Rousseff.
Foi solta depois de nove meses e ficou sob liberdade vigiada por dois anos e depois absolvida.
Como jornalista atuou na editora Abril, na TV Cultura e na Rede Globo.
Já foi presidenta do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e tem o título de cidadã paulistana.”
Inscrição feita por Rose Nogueira na prisão
DHoje Interior: Rose Nogueira a tortura sofrida por ela
Trecho do programa “Entre Vistas”, Juca Kfouri, com Rose Nogueira sobre os 55 anos do golpe militar
Por que ainda falar sobre ditadura?
Íntegra da entrevista da TVT:
https://www.youtube.com/watch?v=AFv1EdinyuI
Veja depoimentos dos ex-presos políticos Rose Nogueira e Paulo Frateschi, sobre Marighella e Eunico Prescílio Cavalcante, o preso que confrontou Sérgio Fleury.
Rose Nogueira conta atrocidades cometidas contra ela na ditadura militar:
“É isso que vocês querem de volta?
Na sala do delegado Fleury, num papelão, uma caveira desenhada e, embaixo, as letras EM, de Esquadrão da Morte. Todos deram risada quando entrei. ‘Olha aí a Miss Brasil. Pariu noutro dia e já está magra, mas tem um quadril de vaca’, disse ele. Um outro: ‘Só pode ser uma vaca terrorista’.
Mostrou uma página de jornal com a matéria sobre o prêmio da vaca leiteira Miss Brasil numa exposição de gado. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Picou a página do jornal e atirou em mim. Segurei os seios, o leite escorreu. Ele ficou olhando um momento e fechou o vestido
Me virou de costas, me pegando pela cintura e começaram os beliscões nas nádegas, nas costas, com o vestido levantado. Um outro segurava meus braços, minha cabeça, me dobrando sobre a mesa. Eu chorava, gritava, e eles riam muito, gritavam palavrões. Só pararam quando viram o sangue escorrer nas minhas pernas.”
Vejam o texto completo aqui
https://bemblogado.com.br/site/rose-nogueira-pelo-facebook-2/
Aqui, texto do Núcleo de Direitos Humanos do Departamento de Direito da PUC-Rio, indicando filmes a respeito da ditadura militar.
Veja link por link, assista e lute para que estes tempos não voltem.
“Neste 31 de março de 2021 completam-se 57 anos do golpe militar de 1964, que deu início a uma longa e tenebrosa noite de 21 anos. Foram anos de graves violações de direitos humanos, mortes, torturas, desaparecimentos, execuções, exílio, censura e humilhações contra os brasileiros.
No momento atual da nossa história forças retrógradas buscam negar fatos passados por meio de um revisionismo histórico.
O Núcleo de Direitos Humanos do Departamento de Direito da PUC-Rio convida a todas e todos a assistir e divulgar alguns filmes que retratam aqueles momentos de terror.
Ditadura Nunca Mais
Tortura Nunca Mais
João Ricardo Dornelles
“Cidadão Boilesen”, direção e roteiro, Chaim Litewski; produção, José Carlos Asbeg e Jorge Mello; fotografia, José Carlos Asbeg, Jorge Mansur, Cleisson Vidal e Ricardo Lobo; montagem, Pedro Asbeg
“Cidadão Boilensen conta como foi o envolvimento e apoio do empresário dinamarquês naturalizado brasileiro Henning Albert Boilesen aos militares durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Boilesen foi o responsável por financiar a repressão política no período, com recursos próprios e de outros empresários com os quais mantinha relações profissionais, sendo ele o coletor dessa ajuda com os demais empresários.”
https://t.co/YRbWGLxOcx
“Jango”, direção Silvio Tendler
Documentário sobre a vida política do presidente João Goulart, Jango
“Dossiê Jango”, direção: Paulo Henrique Fontenelle
https://t.co/NwYKbv0VuS
“O dia que durou 21 anos”, de Direção: Camilo Galli Tavares
https://t.co/3nVc2kv150
“Marighella”, Dirigido por sua sobrinha Isa Grinspum Ferraz, o longa-metragem Marighella é uma construção histórica e afetiva desse homem que dedicou sua vida a pensar o Brasil e a transformá-lo através de sua ação.
https://t.co/NnpHmgJelZ
“Vlado”, Direção: João Batista de Andrade
“Conheça a vida de Vlado e além disso, conheça um pouco da imprensa tradicional brasileira, a mesma que pediu sua cabeça.”
https://t.co/wrHUgqksja
“Hércules 56”, direção: Silvio Da-Rin
“Documentário de longa metragem sobre a luta armada contra o regime militar, focado no seqüestro do embaixador Charles Burke Elbrick, ocorrido na Semana da Independência de 1969. Em troca do diplomata foi exigida a divulgação de uma manifesto revolucionário e a libertação de quinze presos políticos”
https://t.co/CYxrVD4WkR
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Sarau Delivery é um projeto do Bem Blogado que traz diariamente homenagens a artistas ou apresentações para o público que está em casa, recolhido no combate ao coronavírus.
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