Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Ai, quem me dera / O meu chorinho / Tanto há tempo abandonado / E a melancolia que eu sentia / Quando ouvia / Ele fazer tanto chorado / Ai, nem me lembro / Há tanto, tanto / Todo o encanto / De um passado / Que era lindo / Era triste, era bom / Igualzinho a um chorinho / Chamado Odeon (Trecho de “Odeon”, de Ernesto Nazareth, com letra de Vinicius de Moraes)
O famoso chorinho e mais do que centenário “Odeon”, de Ernesto Nazareth, não poderia ser mais apropriado para a tão ansiada volta do Arruma o Coreto, na Praça São Salvador, neste domingo, das 11 às 14 horas. São quase dois anos de ausência naquele coreto devido a pandemia.
De Acordo com o Dicionário Informal Odeon “é uma espécie de teatro coberto da Grécia antiga, menor do que o teatro dramático, em que poetas e músicos apresentavam seus trabalhos para a aprovação do público e sua premiação; – portanto, no uso moderno, trata-se do nome de um auditório para apresentações musicais ou dramáticas.
Ana, à frente do Arruma o Coreto, vem com muita garra e talento para matar a saudade, mas com um pé atrás, pois sabe que com esta pandemia não se brinca.
Portanto, quem estiver por perto, corra amanhã ao coreto da Praça São Salvador (divisa do Flamengo com Laranjeiras), com máscara, álcool gel e muita saudade no coração. A saudade será arrefecida, certamente, com muito chorinho.
Quem estiver longe, continue curtindo a Ana do Chorinho aqui com a gente e, quando puder, agende uma ida à nossa Praça São Salvador. O Arruma o Coreto estará arrumadinho para recebê-lo/a de braços abertos. É o nosso Odeon.
Base: Songbook Ernesto Nazareth – Choromusic
Ouça Nara Leão cantando “Odeon”, de Ernesto Nazareth com letra de Vinícius de Moraes
Conheça mais um pouco desta bela música no Wikipédia:
Odeon é um tango brasileiro com música de Ernesto Nazareth composta em 1910 e letra original de Hubaldo Maurício, em outra versão escrita por Vinicius de Moraes, composto em homenagem ao Cinema Odeon, localizado na Cinelândia, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Em 1908, Ernesto Nazareth foi contratado para animar a sala de espera do cinema Odeon, o mais luxuoso da cidade do Rio de Janeiro.
Em 1910, Nazareth compôs e dedicou esta canção “à distinta empresa Zambelli & Cia.“, proprietária do cinema Odeon. Muitas pessoas frequentavam o Odeon só para ouvi-lo tocar, deixando inclusive de assistir aos filmes.
Durante a vida de Nazareth, Odeon não foi uma peça de especial destaque, tendo sido gravada apenas em 1912, pelo próprio compositor juntamente com Pedro de Alcântara ao flautim. A canção só tornou-se seu maior sucesso após sua morte, especialmente depois que recebeu letra do poeta Vinícius de Moraes na década de 1960.
Em 1978, foi tema de abertura da telenovela A sucessora, na voz de Nara Leão.
Em 2000, a canção fez parte da trilha-sonora da novela O Cravo e a Rosa (versão de Sérgio Saraceni).
Até 2012, a canção alcançou a impressionante marca de 325 gravações comerciais, feitas em diversos países.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Odeon_(can%C3%A7%C3%A3o)
Letra de Odeon (Ernesto Nazareth), feita por Vinicius de Moraes
Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto há tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorado
Ai, nem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon
Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tirando a canção do violão
Nesse bordão
Que me dá vida
E que me mata
É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon
Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém
Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer “não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar com vocês”
Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon
Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda persigo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração
Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais
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