Sarau Delivery apresenta Pelão, o revolucionário da música de Cartola, Adoniran, Nelson Cavaquinho, Donga, Carlos Cachaça….

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado

“Ao descobridor do sambista quase morto, Pelão. O meu sucesso é o teu também” (Cartola).




“O Pelão descobriu eu. Eu sempre fui o que sou, né? Mas o Pelão ficou meu amigo e me levou para o Teatro Treze Maio (…) Fiz sucesso no teatro. Aí ele arranjou LP na Odeon para mim. Ele que começou a botar eu no mau caminho do LP, sabe? Eu gosto demais dele. Eu amo o Pelão” (Adoniran Barbosa)

“No caso de Pelão, podem crer, nossa dívida cultural parece aquela outra, a externa. É altíssima e vai durar sempre – porque apreço não tem preço: não há dinheiro que pague, não apenas os serviços à nossa música, mas generosidade e o desprendimento com que foram prestados (Aldir Blanc)

 

Sarau Delivery apresenta e recomenda o livro “Pelão – A Revolução pela Música”, de Celso Campos Jr.

Você não sabe quem é o Pelão? Tão pouco o João Carlos Botezzeli? Digo que é uma só pessoa e, como você pode ver acima, Cartola, Adoniran e Aldir Blanc o conheciam muito bem. Não só este trio, como Nelson Cavaquinho, Donga, Carlos Cachaça, Rafamés Gnatalli, Nelson Sargento, Quinteto Violado, Inezita Barroso, Raphael Rabello, André Mehmari e Eliane Farias.

Músicos como o trombonista Raul de Barros, os flautistas  Copinha e Altamiro Carrilho,  Waldir de Paula, violão de 7 cordas, Canhoto, cavaquinho,  Meira, violão e os percussionistas  Marçal, Elizeo, Jorginho do Pandeiro, Gilson  também sabem e sabiam quem é Pelão.

Pelão, um dos maiores produtores de discos do Brasil, foi o responsável por colocar na “bolacha” talentos para os quais as multinacionais das gravações davam as costas.

E, com isso, Pelão entrou para a história da música brasileira, ao lado dos grandes nomes acima e de muitos outros.

Vejam a definição da repórter Sheila Lobato, em 1974, sobre o retratado no livro de Celso Campos Jr.: “Esse produtor de discos que está realizando a maior façanha da música popular brasileira – gravar a velha guarda – não tem a menor formação musical e decide tudo no ouvido, Escolhe os músicos, marca estúdio, escolhe as músicas, determina os arranjos e a regência e ainda faz fotografias de capa e escreve a contracapa”.

Bom, vamos à arte da produção de Pelão nas vozes de alguns deste maravilhosos cantores e compositores que ele trouxe ao merecido firmamento. E seu eu fosse você, correria ou teclaria para uma casa do ramo e encomendaria o livro de Celso Campos Jr. Com a obra na sua mente, Pelão se tornará seu amigo de infância. Já é, como se dizia antigamente, meu chapa.

Leia ainda uma resenha sobre o livro do amigo do Bem Blogado, João Tavares, jornalista de mão cheia e sensibilidade à flor da pele.

Amigos, discos e livros: Pelão – a Revolução pela Música

Juízo Final, com e de Nelson Cavaquinho e conjunto Odeon, 1973

“A Odeon pôde contar com o entusiasmo (e o amor) de um produtor paulista de vocação carioca: J.C. Botezelli, conhecido por Pelão. (…)  No mais, o que se tem a dizer é que o long playing da Odeon “Nelson Cavaquinho”, constituindo o mais importante lançamento no campo da música popular brasileira dos últimos tempos, ganhou muito neste entremeio de tempo em que um ano termina e outro desponta…” (José Ramos Tinhorão, crítico e pesquisador musical)

Cartola, em 1974:  “O Sol Nascerá”  – (Cartola e Elton Medeiros)

“Tecnicamente, um mosquito não pode voar. E, entretanto, voa. Também tecnicamente, segundo todas as grandes gravadoras do país, Cartola não poderia vender discos. E, entretanto, já é Best-seller. “O sol nascerá” – diz um grande samba de Cartola,  escrito em parceria com Elton Medeiros,. E o sol do sucesso nasceu também para Cartola”. (Ary Vasconcelos, Jornal do Brasil).

Adoniran em “Trem das Onze” – 1974.

“Talvez João Rubinato não exista, porque quem existe é o mágico Adoniran Barbosa, vindo dos corredores de café para inventar no plano da arte a permanência da sua cidade e depois fugir, com ela e conosco, para a terra da poesia, ao apito fantasmal do trenzinho perdido da Cantareira” (Texto da contracapa do disco, de Antonio Candido, sociólogo, crítico literário e professor, por vingança de Pelão a um censor burro)

“Se Donga foi ou não um autor dos mais prolíficos é secundário. As músicas que assinam e guardam s competência de um músico de espírito profissional e que estruturou a harmonia de toda a música popular até João Gilberto. (…) Não é um LP de samba. Nem de sambista. É um LP de músico brasileiro. (Roberto Moura, O Pasquim)

“A Música de Donga”  – 1975 – Álbum completo

Carlos Cachaça em “Amor de Carnaval”, de sua autoria

“O disco, enquanto retrato de Carlos Cachaça, é de uma propriedade absoluta e seu despojamento chega ao ponto de fazer o velho sambista cantar o seu belo ‘Amor de Carnaval” apenas com o acompanhamento de violão e… caixa de fósforo” (José Ramos Tinhorão, crítico e pesquisador musical).

Carlinhos Vergueiro em “Como um Ladrão”, de sua autoria. 1976

“Carlinhos Vergueiro tem a lucidez de não entrincheirar atrás de sua mocidade para negar valores definitivos da MPB. De não se abrigar nas sociologias da moda, cuja tendência é exigir dos jovens que neguem, reneguem, questionem tudo o que já foi feito antes. Está vacinado contra o perigoso auto-alumbramento na base do ‘fora de mim não há salvação’” (Aluízio Falcão, jornalista, na contra capa do disco de Carlinhos Vergueiro, 1976,  produzido por Pelão).

“Para nós, um dos grandes elepês do ano” (Aramis Millarch, crítico musical)

Radamés Gnattali: “Sonatina Coreográfica”

Quinteto Violado canta, conta e toca “Samarica Parteira” (Luiz Gonzaga), do disco “Canções que a Lua Canta” (1983)

“O Quinteto Violado, claro, entregou um disco ao Rei do Baião. A resposta de vossa majestade: ‘Oxe. Então essas que vocês gravaram agora vou ter de ficar sem tocar também”.

“Magoado”  – Raphael Rabello interpreta Dilermando Reis

“Quando Raphael , o mais brilhante dos herdeiros do choro, interpreta Dilermando Reis é como se desabasse o muro de preconceitos erigidos ao longo de décadas, para que Dilermando posso descansar em paz no panteão dos grandes chorões de todos os tempos” (Luiz Nassif, jornalista e bandolinista)

Três no Samba | Eliane Faria, André Mehmari e Gordinho do Surdo | Making Of | Selo Sesc

Selo Sesc: “Iluminados pela proposta de J.C. Botezelli, o Pelão, figura ímpar da música brasileira, Eliane Faria, André Mehmari e Gordinho do Surdo trazem para uma formação delicada de piano, voz e surdo toda a potência do samba de todo o Brasil.” Saiba mais sobre o projeto “. Ouça o álbum completo aqui:

Veja aqui um vídeo sobre como foi feito o disco e o  show, idealizados por Pelão.

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