Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Sarau Delivery e a costura da vida, ponto por ponto.
Aplicamos aqui o ditado antigo dando conta que “quem conta um conto aumenta um ponto”. Contamos o conto do amigo, professor de Literatura, Cícero César Sotero Batista, que enviou para o Bem blogado um belo texto sobre como se tece a vida e como a vida nos tece num emaranhado de fios que, se bem destrinchados, nos dá imenso prazer.
E assim fomos tricotando: Na costura da minha vida / Mais um ponto / No arremate do sorriso mais um nó (“Sentimental Eu Fico”, Renato Teixeira).
É a sua vida que eu quero bordar na minha / Como se eu fosse o pano e você fosse a linha / E a agulha do real nas mãos da fantasia / Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia (“A Linha e o Linho”, de Gilberto Gil).
Quando o apito da fábrica de tecidos / Vem ferir os meus ouvidos / Eu me lembro de você (…) Mas você não sabe / Que enquanto você faz pano / Faço junto do piano / Estes versos pra você (“Três Apitos”, Noel Rosa)
Calça nova de riscado / Paletó de linho branco / Que até o mês passado / Lá no campo ‘inda era flor (“Mucuripe”, Belchior e Fagner)
Você precisa, você precisa / Você precisa / Não sei, leia na minha camisa (“Baby”, Caetano Veloso)
Meu terno já virou estopa / E eu nem sei mais com que roupa / Com que roupa que eu vou / Pro samba que você me convidou? (Noel Rosa)
Deu meia noite, a lua faz um claro / Eu assubo nos ares e vou brincar no vento leste / A aranha, tece puxando o fio da teia / A ciência da abeia, da aranha e a minha / Muita gente desconhece (“Na Asa do Vento”, de João do Vale)
De pronto, já tínhamos músicas na cabeça sobre o tema mas, ao enviarmos o texto de Cícero César para os amigos, a querida Ize Sanz lembrou a letra de “Retrós”, de Moacyr Luz, música de Jota Maranhão, o que só enriqueceu este fuxico musical, trecho: Tecer o avesso e tão comum quanto em desalinho / A gente esbarra no debrum e arrebenta o linho / O nosso muito é nenhum quando adivinho / E a redondilha acaba num colarinho / Na mancha de vinho, amor.
Leia aqui texto da coluna a “Cesar o que é de Cícero”, que nos inspirou para este Sarau Delivery, e ouça músicas que falam desta vida de chulear, casear e pontear.
Elis Regina canta “Sentimental Eu Fico” (Renato Teixeira)
“A Linha e o Linho”, Gilberto Gil
Aracy de Almeida canta “Três Apitos” (Noel Rosa)
Belchior canta “Mucuripe”, dele e de Fagner
Gal Costa com “Baby” (Caetano Veloso)
Noel Rosa canta “Com que Roupa?”, de sua autoria.
João do Vale “Na Asa do Vento”, de sua autoria
Nana Caymmi canta “Retrós” (Moacyr Luz e Jota Maranhão)
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