Livro de Conceição Campos “A letra brasileira de Paulo César Pinheiro”: uma jornada musical” (Casa da Palavra, 2009). Veja a resenha gol de letra que levou 13 anos (que belo número!) para ser feita pelo doutor em Literatura, Cícero César Sotero Batista da coluna “A César o que é de Cícero”.
Ah, mas o que esta coluna está fazendo no Sarau Delivery? Pergunta o arguto internauta. Simplesmente porque o Sarau Delivery que durante 20 meses, na fase mais aguda da pandemia, foi diário, depois passou a ser publicado três vezes por semana, agora é “devezenquandário” e caronista de outras colunas do Bem Blogado. Esperteza deste editor-chefe, Washington, o Araújo.
Bom, tudo explicado, vamos ao texto de Cícero César sobre o livro que Conceição Campos escreveu ainda pequenininha (continua) no final da primeira década deste 21. Depois de 2009, quantos mares navegou nossa querida Conceição? Ela, nossa amiga de Paquetá que criou a personagem literária Livramento, em seu projeto “Leitura Galopante”, que incentiva a criançada a enveredar pelo mundo encantado dos livros…
Vamos ao que diz Cícero César, no final do texto ouça duas músicas citadas:
“Conceição Campos: seu livro sobre a vida e obra de Paulo César Pinheiro é um primor. Sua escrita é arejada, um tanto de fã, é verdade, muito organizada e documentada.
O trabalho gráfico também merece menção: com as letras das canções próximas aos olhos, nessa espécie de nota que não é ao pé da página, mas ao lado do texto, fica mais simples a tarefa de acompanhar o seu comentário sobre as letras.
Você foi a um só tempo sucinta e certeira em suas descrições, o que é sinal de trabalho bem-feito.
Eu demorei tanto para ler esse livro. Só agora em 2022! Já dava para bolar uma grande história a respeito da aventura, cheia de inúmeras idas e vindas.
Foi Maurinho quem o trouxe até a mim. Eu, para honrar a dívida com meu amigo e indiretamente com você, interrompi outras leituras e o li de um fôlego só. A urgência se justifica pela escolha deste sujeito ímpar que é Paulo César Pinheiro.
Entretanto, acaba-se deixando tanto coisa para trás quando se lê apressadamente.
Existimos, como é que é que se equilibra?
Enfim, gostei muito. Receio que terei daqui a pouco de tê-lo outra vez perto dos olhos, de anotar as letras que você menciona ao longo do livro, na seleção criteriosa que você fez.
É como se eu me propusesse um trabalho de casa: “Agora que você leu o livro, ouça os discos. São as inúmeras voltas do parafuso, bebê”.
Ler e ouvir de novo e sempre. Para todos os efeitos, assim são os clássicos: são livros para serem lidos e relidos. Você demarcou as inúmeras linhas de força da trajetória poética deste enorme poeta.
Agora, somos nós, os leitores, que devemos seguir o roteiro sugerido para nos acharmos e nos perdermos. Seu livro é como uma partitura: que cada um o leia como puder. E quem não souber ler, que o leia de ouvido.
Digo “nos perdermos” porque há muita coisa que carregamos na vida que não passa de peso morto, que na verdade só atrapalha. Será difícil nos tornamos tão grandiosos poetas como ele é, ainda que fossemos hábeis o suficiente nas formas fixas, nos faltariam a pesquisa e o talento amadurecido que no caso dele praticamente veio de berço.
Mas, pelo menos, nos tornaremos mais leves. E é preciso saber levitar mais que nunca diante dos descaminhos da vida.
Eu fiquei com muitas letras na cabeça, mas irei citar apenas duas para não me alongar: “O samba bate outra vez” (Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro) e “Sete-Violas”, que é um poema musicado pelo Theo Barros.
Acabam, a meu ouvir, sendo canções de encontro, de reverência: uma aos compositores do samba, a outra aos gêneros da viola. Em suma, se o Brazil não conhece o Brasil não é por falta de oportunidade, é por negligência quase criminosa mesmo. E para reconhecer a usina sonora brasileira, por que não começar com essa enciclopédia verdadeira que o Paulo César Pinheiro?
Eis minha modesta contribuição poética:
Aqui está ele
(Para Conceição Campos)
Ele é do Rio de Janeiro
De Pernambuco
Do interior mineiro
Do Recôncavo,
Do Amazonas,
Do Pará e do Acre
É das águas do sal
Do amor natural
E das saudades
É o poeta da chama
O poeta da cama
E das entidades
Foram tantos encontros
Com grandes parceiros
Com quem destilou sua parte
Eis Paulo César Pinheiro
Mestre do Cancioneiro
Que revela o Brasil em sua arte
Um abraço solar para você de Paquetá,
Cícero César”
Ouçam o “Samba Bate Outra Vez”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, cantado pelo time imbatível Odete Lara, Aracy de Almeida, Dona Ivone, Sylvia Telles, Claudette Soares, Simone, Clara Nunes, Beth Carvalho, Elizeth, Alcione, Dolores Duran, Clementina, Carmen Costa, Miúcha e Cristina Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Bethânia, Elis Regina, Nora Ney, Nana Caymmi, Linda e Dircinha Batista, Dóris Monteiro, Elza Soares, Marlene e Emilinha Borba.
Theo de Barros com a “Suite das Sete Violas” (Paulo César Pinheiro Theo de Barros)
Vá ao canal do Youtube do Bem Blogado. Curta, compartilhe e assine:
https://www.youtube.com/user/bemblogado/featured
Sarau Delivery é um projeto do Bem Blogado que traz, de vez em quando, homenagens a artistas, com apresentações para o público que está em casa, recolhido na pandemia, e quem, por circunstâncias, está trabalhando fora de casa.
A seção está aberta para músicos, poetas, contadores de história…
Preencha seu tempo com arte e resistência!