Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
“Se acharmos que nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem pela Terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios. Mas se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua família e dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos dar.”
(Claudio Villas Bôas)
Sarau Delivery e a trágica realidade indígena dentro da tragédia da Covid-19. A pessoa que senta na cadeira de presidente da República há tempos vem apontando sua “arminha” aos indígenas. Recentemente, expressou seu objetivo de permitir a invasão de terras indígenas para exploração de minérios (fato que já vem acontecendo oficiosamente).
Com a pandemia, o desejo de muitos gananciosos começa a ser cumprido, o extermínio indígena. No Censo de 2010, do total de indígenas no País, 502.783 viviam na zona rural e 315.180 habitavam as zonas urbanas brasileiras.
Indígenas estão sendo eliminados pela Covid-19 sem nenhum tipo de apoio do governo federal. Premeditado? Eles estão morrendo de fome, de Covid-19 e de outras doenças. A mortandade indígena é mais um projeto do desgoverno que aqui está.
Aqui, você vai ler sobre o último indígena da tribo Juma morto por Covid-19, sobre a morte do cacique Aritana em agosto de 2020, também pelo coronavírus. Vai constatar que o genocídio é um projeto há muito colocado em prática e, mais do que nunca, a caminho de sua efetivação, como afirma Ailton Krenak: “Nós já estávamos de quarentena, vivendo numa condição de quase refugiados”.
Você vai ler aqui pequenos trechos do livro “Enterrem meu Coração na Curva do Rio”, de Dee Brown. Sim, as cicatrizes do extermínio indígenas nos Estados Unidos se abrem aqui.
Vai ouvir músicas sobre indígenas, muitas delas já trazidas aqui em Saraus anteriores, como um mantra, para não esquecermos de que a dor indígena é a nossa dor. Ouça Milton Nascimento, Katya Teixeira, Gean Ramos, que é da tribo Pankararu, em Pernambuco, Francisco Brandão e Frank Lemos, músico também com sangue indígena.
Ruas da Cidade (Lô Borges e Márcio Borges), cantam Milton Nascimento e Lô Borges
Guiacurus Caetés Goitacazes / Tupinambás Aimorés / Todos no chão / Guajajaras Tamoios Tapuias / Todos Timbiras Tupis / Todos no chão / A parede das ruas / Não devolveu / Os abismos que se rolou / Horizonte perdido no meio da selva / Cresceu o arraial / Passa bonde, passa boiada / Passa trator, avião / Ruas e reis / Guajajaras Tamoios Tapuias / Tupinambás Aimorés / Todos no chão / A cidade plantou no coração / Tantos nomes de quem morreu / Horizonte perdido no meio da selva / Cresceu o arraial
Kátya Teixeira canta Kararaô, de sua autoria
Brasil acordai para salvar teu filho / Estão pondo fogo em teu berço / Estão envenenando tuas águas
Gean Ramos em Cartão Postal Pankararu, de sua autoria
Fran Lemos e Francisco Brandão, em Mangangá
“Txai”, Milton Nascimento
“Em mil novecentos e noventa, Milton Nascimento lançava Txai, projeto que além de ser o vigésimo quinto álbum de sua carreira, nasceu a partir de uma expedição à floresta amazônica e fez parte de uma campanha mundial de apoio à Aliança dos Povos da Floresta, coordenada pela União das Nações Indígenas e pelo Conselho Nacional dos Seringueiros.
Txai é um termo da língua dos índios Kaxinawá que, em uma tradução literal, significa “mais que amigo/ mais que irmão, a metade de mim que existe em você/ e a metade de você que habita em mim.”
(https://medium.com/impress%C3%B5es-de-maria/txai-de-milton-nascimento-um-sopro-de-vida-em-meio-ao-%C3%B3dio-8588f7e0836a)
O último dos Aruká: ‘Governo não cuidou, e agora temos que manter legado’, diz neto de último indígena Juma morto por covid-19
As três filhas de Aruká casaram-se com homens do povo Uru-eu-wau-wau, uma vez que a população do povo Juma era pequena demais, resultado dos massacres e doenças.
Isso significa que os descendentes de Aruká carregam no sangue as duas etnias, mas, segundo o sistema patrilinear, são Uru-eu-wau-wau, e não Juma. É por isso que Aruká era considerado o último guerreiro de seu povo.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56132019
Obituário: Morreu Aritana Yawalapíti! Silêncio, choro e o luto com o Xingu
Como tem acontecido nesse processo de genocídio e pandemia, a dor do luto tem sido acompanhada da raiva e da indignação
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/morreu-aritana-yawalapiti-silencio-choro-e-o-luto-com-o-xingu/
National Geographic: “Nós já estávamos de quarentena, vivendo numa condição de quase refugiados”, diz Krenak
Em entrevista para a National Geographic, o escritor Ailton Krenak fala sobre a luta indígena, o enfrentamento da pandemia por sua comunidade, o Brasil diante do colapso e por que se sente um refugiado dentro de seu próprio território.
ùltimas tristes notícias sobre a saga indígena na pandemia
Morte de crianças com suspeita de Covid-19 revela abandono dos Yanomami
Trechos do livro “Enterrem meu coração na Curva do Rio”
Trechos do maravilhoso livro que inspirou o filme. Enterrem Meu Coração na Curva do Rio, de Dee Brown, fala sobre o alto custo e os baixos escrúpulos envolvidos nos chamados processos civilizatórios que forjaram o dito mundo desenvolvido de hoje.
http://guerreirossioux.blogspot.com/2019/08/trechos-do-livro-enterrem-meu-coracao_50.html
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