Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
Sarau Delivery vem com Ana do Chorinho em “Choro e Poesia”, de Pedro de Alcântara, carioca nascido em Copacabana em 1866 e falecido em Sete Lagoas (MG) em 1929. Antes, um pedido de desculpas pelo “titulão” da postagem, mas vocês entenderão.
Em relação a esta música, Pedro de Alcântara tomou de Catulo da Paixão Cearense o que os cariocas chamam de “beiço”. Também chamada de “volta” pelo país afora, é a forma de ludibriar, omitir um merecido crédito.
Pois bem, a música que foi gravada primeiro em 1905 pela Banda da Casa Edson, teve seu autor e Ernesto Nazareth gravando-a em 1912. Conta-se que, em seguida, em 1913, Catulo da Paixão Cearense colocou letra na música sem autorização de Pedro Alcântara. E o pior é que tirou o nome do autor original, assinado sozinho. Pôs a letra e tirou o autor. Somente na década de 70 é que os familiares de Pedro Alcântara recuperaram o que era do próprio.
Cada “causo” que a Ana do Chorinho nos faz escarafunchar! Nós íamos lá saber que a famosa “Ontem ao Luar” do Catulo da Paixão Cearense chamou-se na origem “Choro e Poesia” e que não era só do Catulo, mas também do Pedro Alcântara?
Só a nossa Ana do Arruma o Coreto para arrumarmos os créditos ao, como diria o Rolando Lero, Pedrinho de Copa.
Ó, Catulo era muito talentoso e criou muita obra bonita, mas era, vamos dizer, um tanto esquecido…. Parece que ele gostava de ofuscar créditos nos raios do luar. Vejam só: “Luar do Sertão”, que ele morreu jurando ser só sua, foi reconhecida como também de João Pernambuco.
“Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão”. Como não há saudade maior do que Ana do Chorinho tocando com o Arruma o Coreto na Praça São Salvador. Com polêmica sobre créditos ou não, a turma do Arruma quer mais é tocar. Só que, com a pandemia, estamos sem a música no coreto, mas vamos por aqui com Ana do Chorinho e contando “causos”.
Vídeo editado por Ana Caetano. Flauta Base: EPM – Escola Portátil de Música
Ouça aqui gravações de “Choro e Poesia”, de 1905, 1913.
https://discografiabrasileira.com.br/en/music-composition/7519/choro-e-poesia
Do site playback.fm
https://playback.fm/charts/brasil/video/1909/Pedro-de-Alcantara–Ernesto-Nazareth-Choro-e-Poesia
Joyce “Ontem ao Luar (Choro e Poesia)”, Pedro Alcântara e Catulo da Paixão Cearense
As idas e vindas dos créditos à Choro e Poesia ou Ontem ao Luar, de Pedro Alcântara a Catulo da Paixão Cearense
Ontem ao luar – Por sua semelhança com a canção “Love Story”, do filme homônimo, a polca “Choro e Poesia” voltou a ser sucesso na década de 1970. Esse retorno rendeu-lhe mais de dez gravações, só que com um detalhe: todas traziam apenas o título “Ontem ao Luar”, que recebeu de Catulo da Paixão Cearense quando, em 1913, o poeta lhe pôs uma letra, à revelia do autor.
E o que é pior, várias dessas gravações tal como edições da partitura, somente registravam o nome de Catulo, omitindo o de Pedro de Alcântara.
Em 1976, graças aos esforços de uma neta de Alcântara, sua autoria foi restabelecida através de uma decisão judicial. “Choro e Poesia” tem duas partes, ambas construídas com variações de um mesmo motivo, usado com muita engenhosidade especialmente na segunda parte, em tom maior.
Leia o texto completo aqui, a letra, e ouça a música cantada por Vicente Celestino
https://cifrantiga3.blogspot.com/2006/03/ontem-ao-luar-choro-e-poesia.html
Sobre Pedro Alcântara no Dicionário Cravo Albin
https://dicionariompb.com.br/pedro-de-alcantara/dados-artisticos
Portal Luis Nassif: A Arte de Pedro de Alcântara, por Laura Macedo
https://blogln.ning.com/m/blogpost?id=2189391%3ABlogPost%3A1219345
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