Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Saí, fui comprar bala mistura / Comprei também um pãozinho de mel / E cumprindo a minha jura
Me fantasiei de Papai Noel (…) Ai meu Deus que sacrifício / O orifício da chaminé era pequeno / Pra me tirar de lá / Foi preciso chamar, os bombeiros (Adoniran Barbosa sobre “Véspera de Natal: “Fiz uma letra chapliniana. É linda, tudo”)
“Boas festas’ foi feito no mês de dezembro, há alguns anos. Morava, então, em Icaraí e estava só, longe da família e sem notícias dos meus. Uma tristeza forte me invadia pouco a pouco. No meu quarto havia um quadro representando uma menina dormindo com um sapatinho ao seu lado – quadro típico de Natal, que logo me impressionou. Pensei então na alegria de ser feliz, de não estar só no mundo como então me encontrava, e pedi a Papai Noel uma quantidade de coisas bonitas.” (Depoimento de Assis Valente em 1936)
Sarau Delivery e o Natal dos invisíveis cada vez mais visíveis.
Quando eu era criança já não me batia muito bem esta coisa de Papai Noel. A coisa ficou feia quando eu tinha uns cinco anos. Certo Natal, meu irmão mais velho, o Luiz Carlos (Caô, como eu o chamava na época, hoje Lula), aos seis anos, ganhou de sua madrinha, nossa Tia Linda, uma guitarrinha de plástico, com cordas de nylon, para eu e o meu irmão mais novo (Wilson, mais tarde Peru) sobraram dois carrinhos de plásticos duro, dois fusquinhas.
Entendendo que o presente do Caô era muito melhor que o nosso, pegamos um tijolo e quebramos nossos presentes na presença da madrinha do mano mais velho. Eu não tinha uma madrinha frequente e o Peru, sim, mas mesmo assim, participou da ação. Imaginem a surra!
Papai Noel já abria seu saco cheio de justiça desigual. e dá-lhe conto de vigário de Natal.
Pois bem, na adolescência já ciente das mazelas sociais, minha família não cultivava muito esta coisa de Ceia de Natal, cada um ia para um lado. Os mais velhos, pai, mãe e parentes, sim, faziam um jantar caprichado e depois iam para a Missa do Galo. Nós caíamos no mundo.
Hoje, vejo o quanto é desigual este mundo. Não precisa nem sair na rua, só ver pelas tais redes sociais. Nas ruas, moradores na sarjeta, no máximo em rotas barracas de acampamento. Tem quem não vê, fecha os olhos. Pobre é invisível.
Este Natal, como outros, denota a desigualdade, a injustiça social. Se quando criança já não entendia muito esta coisa de Feliz Natal, agora é que não entendo mesmo.
Vamos de música de Adoniran e Mônica Salmaso, em “Véspera de Natalo”, do primeiro, Hamilton Holanda com outros grandes artistas e os Novos Baianos com “Boas Festas”, de Assis Valente. Conheça ainda a história de “Boas Festas”, de Assis Valente, pelo jornalista da Rede Brasil Atual, Vitor Nuzzi.
Vamos também de textos de Adriana Amaral e Cícero César. E abra links para você ajudar os moradores de rua nesta noite de (In)Feliz Natal e pela entidade criada por Betinho, Ação da Cidadania, Natal Sem Fome. Ainda dá tempo e pode doar depois do Natal, afinal de contas a fome não guarda data comemorativa.
Hamilton de Holanda e demais feras – “Boas Festas” (Assis Valente)
Adoniran à capella canta “Véspera de Natal”
Eu me lembro muito bem / Foi numa véspera de Natal /; Cheguei em casa / Encontrei minha nega zangada / A criançada chorando / Mesa vazia, não tinha nada / Saí, fui comprar bala mistura / Comprei também um pãozinho de mel / E cumprindo a minha jura / Me fantasiei de Papai Noel
Para o amigo, grande baterista Oscar Bolão. Pelo que eu sei, a única música de seu repertório no palco da mesa de bar
Novos Baianos com “Boas Festas” (Assis Valente)
Mônica Salmaso canta “Véspera de Natal”, de Adoniran Barbosa
Trabalho de Elifas Andreato
116 milhões de brasileiros vivem a insegurança alimentar. Reflita, quem dorme na rua come o quê? Neste Natal, doe uma ceia! PIX: oi@spinvisivel.org
https://www.spinvisivel.org/natalinvisivel
Campanha Natal Sem Fome da Ação da cidadania, entidade criada por Betinho. Pode doar no Natal ou depois, afinal a fome continua cada vez mais forte.
https://www.natalsemfome.org.br/
Por Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Cartinhas para o Papai Noel
Por Adriana do Amaral, compartilhado do Construir Resistência
Quem me conhece sabe que eu não dou muita importância à troca de presentes em datas festivas. Eu gosto de celebrar, mas presentes, para mim, são carinhos para se dar e receber em momentos ímpares. quando se tem vontade e condições. Geralmente não me atenho ao conteúdo, mas na intenção. Gosto de presentes que surpreendam.
Confesso, no entanto, que não abro mão de presentear as crianças no Natal. Isso, porquê é um momento ímpar de magia, de ludicidade, de esperança e de amar… Todos os anos, nessa época, eu preparo com carinho as sacolinhas de Natal para crianças anônimas, que eu não conheço e nem terei a oportunidade de conhecer.
Clique na imagem para ler todo o post.
Noel No Divã
Por Cícero César
Por mim eu não viria, mas ela me mandou até aqui, me disse que ia me fazer bem à cabeça. De nada adiantou argumentar com ela que esta é a pior época do ano para se começar terapia. Não me leve a mal, meu senhor, eu até tenho simpatia por quem ostenta uma barba comprida que nem a minha sem ser lenhador, não é nada pessoal. Apenas o momento é pouco oportuno. A gente está meio aéreo por bons motivos.
Já passei da hora de me aposentar, é certo. Mas sou daqueles que não conseguem ficar parados. Minha vida é meio como a de microempresário, tem muita gente que depende de mim, sabe como é que é, na cadeia produtiva.
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Coalizão Negra arrecada R$ 300 mil contra fome em jantar
Fotos: Washington Luiz de Araújo
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