Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Sarau Delivery traz Johnny Alf, grande cantor e compositor considerado pelos músicos e especialistas como o verdadeiro precursor da Bossa Nova.
Peço, de antemão, desculpas por exagerar com vários vídeos com “Eu e a Brisa”, música que me marcou muito na adolescência, nas fases de dor de cotovelo. Não resisti.
Mas vocês verão outras belas músicas deste grande artista, autor canções inspiradoras, uma pessoa de tal simplicidade que, como conta César Camargo Mariano em sua autobiografia, foi à casa da família deste participar de um sarau, mas como tocava em boate nas madrugadas afora, encostou-se num sofá e dormiu durante todo o sarau.
Extasiada com a presença dele e querendo ouvi-lo tocar, a família de César Camargo Mariano convidou-o a voltar. Dias depois ele aparece de mala e instrumentos, ficando lá por mais de oito anos. César era garoto e teve uma “sombra” fantástica para definir o seu futuro de pianista.
Vejam abaixo depoimentos de artistas sobre a influência de Johnny Alf, por volta de 1954 e 1955, na Bossa Nova. Destaques do livro de Zuza Homem de Mello “Eis Aqui os Bossa Nova”.
“Meu primeiro contato com o ritmo Bossa Nova foi por meio de Johnny Alf. O Johnny tinha uma batida diferente porque ele nunca foi cara de fazer ritmo. Ele dava alguns acordes dentro do ritmo e de repente parava. O cantor tinha de entrar na dele. Foi na boate Plaza no Rio de Janeiro, em frente so Drink, ou eu tocava” (Milton Banana, baterista).
“A gente começou a se concentrar num pequeno núcleo de pessoas que faziam um intercâmbio musical, e o grande guru até essa época era Johnny Alf (…) O piano era um instrumento que necessitava de muito estudo e, sendo o Johnny Alf pianista, aquilo era praticamente inacessível para nós, com todas as cifras e o jazzismo dele”. (Carlinhos Lyra, cantor e compositor).
“O Johnny Alf era na época considerado o melhor compositor de vanguarda no meio e jamais aparecia em rádio porque era mais moderno em termos de composição, fazia músicas dentro daquela harmonia desenvolvida pelos americanos, composições fantásticas naquela época” (Sérgio Ricardo).
“Conheci Johnny Alf tocando muito bem piano, tinha umas músicas bem avançadas, com estilo já moderno e querendo modificar as coisas, e ninguém fazia isso. Quem fazia era Johnny Alf nos bares, escondido. (…) O mais modesto de todos os vanguardistas da música brasileira, Johnny é também fiel a seus princípios artísticos. Johnny jamais concedeu em sua carreira e, pode-se dizer com segurança, é a principal figura em tudo que precedeu a eclosão da Bossa Nova. Johnny Alf é fundamental” (Baden Powell, violonista, compositor e cantor).
Vejam vídeos do grande Johnny Alf intérpretes de sua belíssima música. De Elis Regina e Gal Costa a Alaíde Costa, Baby Consuelo e Sandra de Sá; Emílio Santiago, Zé Luiz Mazzioti, Tico de Moraes
De pianista para pianista, ouçam o disco de Leandro Braga com a participação mais que luxuosa de Johnny Alf cantando Noel Rosa. Vejam o programa “Ensaio”, de Fernando Faro, com o artista.
Aqui vocês verão também uma das últimas, se não a última homenagem a Johnny Alf ainda entre nós, com o pianista Guilherme Vergueiro e uma trupe da melhor qualidade. Vejam só: Sizão Machado – baixo, Alex Buck – bateria, Laudir de Oliveira e Caito Marcondes – percussão e Raul de Souza – trombone. O show foi no Ibirapuera em 2009 e Johnny virou brisa um logo depois. Brisa que sempre vem nos soprar para mostrar o que é amar.
“Eu e a brisa”, 1969, Johnny Alf e trio.
Trecho do programa “Música Brasileira”, TV Cultura, agosto 1969, direção Fernando Faro. Johnny Alf canta “Eu e a brisa” de sua autoria, acompanhado de Paulo Pugliese (baixo) e Nestor di Franco (bateria).
Emílio Santiago – “Eu e a brisa” (Johny Alf)
Baby (Consuelo) do Brasil – “Eu e a Brisa” (Johny Alf)
Gal Costa e Elis Regina – “Ilusão à toa” (Johny Alf) – 1981
A voz de Alaíde Costa e o piano de Guilherme Vergueiro em “Dois Corações” (Johny Alf)
Zé Luiz Mazzioti, voz, e Guilherme Vergueiro, piano – “Quem sou eu”. Homenagem a Johnny Alf.
Guilherme Vergueiro – piano, Sizão Machado – baixo, Alex Buck – bateria, Laudir de Oliveira – percussão
Johnny Alf & Sandra de Sá – “O que É Amar” (Johnny Alf)
Guilherme Vergueiro – “Fim de semana em Eldorado” – Homenagem a Johnny Alf – 2009
Guilherme Vergueiro – piano, Sizão Machado – baixo, Alex Buck – bateria, Laudir de Oliveira e Caito Marcondes – percussão e Raul de Souza, trombone
Johnny Alf – “Fim de semana em Eldorado” – 1997
Trecho do dvd “Cult Alf”, 46 minutos, produzido e dirigido por João Carlos Rodrigues. Gerou cd homônimo editado pela Natasha Records. Gravado no Rio de Janeiro no Vinicius Bar em 1997. Johnny Alf (piano e vocal), Idriss Boudrioua (sax e clarineta), Marcos Souza (baixo), Carlos Ramón (bateria).
Tico de Moraes canta e toca “Fim de semana em Eldorado” (Johnny Alf)
Johnny Alf – “Samba de Retorno”
Johnny Alf -” LP Eu e a Brisa”- Álbum Completo
Leandro Braga toca Noel Rosa. Álbum completo de 1997, com a participação mais do que luxuosa de Johnny Alf]
Noel Rosa, o 2º CD de Leandro Braga, foi lançado pela gravadora Lumiar, com produção musical de Almir Chediak, feito em parceria com o grande pianista, compositor e cantor Johnny Alf, sobre a obra de Noel Rosa.
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