Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
“O jornalista não tem ética própria. Isso é um mito. A ética do jornalista é a ética do cidadão. O que é ruim para o cidadão é ruim para o jornalista (…) O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter (Cláudio Abramo)
Eu não preciso ler jornais / Mentir sozinho eu sou capaz / Não quero ir de encontro ao azar (Raul Seixas)
Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data (Luiz Fernando Veríssimo)
Sarau Delivery lembra que hoje, sete de abril, é Dia do/a Jornalista. Não sabemos se temos muito o que comemorar, pois estamos numa guerra contra a pandemia e, como diz o já ditado popular, na “guerra, a primeira vítima é a verdade”.
Verdade solapada há muito tempo no jornalismo profissional. E este solapamento aumentou com o incremento das chamadas fake news, que, infelizmente, são praticadas por amadores e profissionais.
Sabemos que a imprensa tem o dom de matar, derrubar e prender presidentes, que o digam Getúlio Vargas, João Goulart, Dilma Rousseff e Lula. Nas últimas eleições, houve uma parceria das fake news com o chamado jornalismo profissional da grande mídia. Deu no que deu e no que tá dando.
Mas não é propagar notícia velha afirmar que o jornalismo é composto também por pessoas íntegras, dignas, que têm orgulho de sua profissão. E é por este jornalismo digno que lutamos nesta e em outras guerras que virão.
Portanto, que neste Dia do/a Jornalista façamos uma reflexão sobre as palavras acima, dos grandes Claudio Abramo, Raul Seixas e Luiz Fernando Veríssimo.
Neste Sarau, que homenageemos todos e todas que doaram e doam suas vidas profissionais para uma comunicação com a ética do cidadão.
Vamos de músicas que lembram que “a dor da gente não sai nos jornais”; sobre um “notícia que está chegando lá do interior”; porque “não quero ler nem o primeiro jornal, pois anunciaram, mas o “mundo não se acabou”.
Leia um texto brilhante do grande Cláudio Abramo. Texto que deveria ser a bíblia de todos os jornalistas, mas que, infelizmente, não é.
Cláudio Abramo que se antecipou à data que viria ser comemorada como Dia do Jornalista, pois nasceu num seis de abril.
Notícias Do Brasil (Os Pássaros Trazem), de Milton Nascimento e Fernando Brant – 1981
Uma notícia está chegando lá do Maranhão / Não deu no rádio, no jornal ou na televisão / Veio no vento que soprava lá no litoral / De Fortaleza, de Recife e de Natal / A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus / João Pessoa, Teresina e Aracajú / E lá do Norte foi descendo pro Brasil Central / Chegou em Minas já bateu bem lá no Sul (…)A novidade é que o Brasil não é só litoral! / É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul / Tem gente boa espalhada por esse Brasil, / que vai fazer desse lugar um bom país!
Chico Buarque canta “Notícia de Jornal”, de Haroldo Barbosa e Luiz Reis
Errou na dose / Errou no amor / Joana errou de João / Ninguém notou / Ninguém morou na dor que era o seu mal / A dor da gente não sai no jornal
Ouça “Notícia de Jornal” também com Helena de Lima, 1961
https://www.youtube.com/watch?v=_uEhuxn_HWQ
Elis Regina canta “O Primeiro Jornal” (Abel Silva / Sueli Costa)
Quero cantar pra você / Segunda-feira de manhã / Pelo seu rádio de pilha tão docemente / E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente(…) / Para que saias com alguma alegria bem normal / Que dure pelo menos até você comprar e ler/ O primeiro jornal
Raul Seixas em “Cowboy fora da lei”, de sua autoria
O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.
Texto do jornalista, que partiu em 1987, publicado em 2001 no Observatório da Imprensa
“Sou jornalista, mas gosto mesmo é de marcenaria. Gosto de fazer móveis, cadeiras, e minha ética como marceneiro é igual à minha ética como jornalista? não tenho duas. Não existe uma ética específica do jornalista: sua ética é a mesma do cidadão. Suponho que não se vai esperar que, pelo fato de ser jornalista, o sujeito possa bater carteira e não ir para a cadeia.”
Leia aqui o texto na íntegra:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/primeiras-edicoes/o-jornalismo-o-exerccio-dirio-da-inteligncia-e-a-prtica-cotidiana-do-carter/
Sobre Cláudio Abramo:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/codigo-aberto/quem-foi-mesmo-claudio-abramo/
Carmen Miranda em “E o Mundo Não se Acabou” (Assis Valente)
Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar / Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar / E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada / Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada
Origem do Dia do/a Jornalista, via o amigo Lenin Maranhão
O Dia do Jornalista foi criado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) como uma homenagem a Giovanni Battista Libero Badaró, importante personalidade na luta pelo fim da monarquia portuguesa e Independência do Brasil.
Giovanni Badaró foi médico e jornalista, e foi assassinado no dia 22 de novembro de 1830, em São Paulo, por alguns dos seus inimigos políticos. O movimento popular que se gerou por causa do seu assassinato levou D. Pedro I a abdicar do trono em 1831, no dia 7 de abril, deixando o lugar para seu D. Pedro II, seu filho, com apenas 14 anos de idade.
Foi só em 1931, cem anos depois do acontecimento, que surgiu a homenagem e o dia 7 de abril passou a ser Dia do Jornalista.
Foi também no dia 7 de Abril que a Associação Brasileira de Imprensa foi fundada, em 1908, com o objetivo de assegurar aos jornalistas todos os seus direitos.
Foto do blog: Silvia Massaro, capa do livro “A Regra do Jogo”, de Claudio Abramo
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