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Tal como pesquisas na Itália e na França, EUA contribuíram com mais um estudo que indica que o novo coronavírus pode ter circulado em vários países antes de ser identificado na China e explodir em uma pandemia.
Cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA afirmaram na segunda-feira (30) que testes de amostras de sangue coletadas nos EUA em 13 de dezembro do ano passado revelaram evidências de anticorpos para o vírus SARS-CoV-2, relata o jornal South China Morning Post.
Novas amostras reveladoras
As amostras foram coletadas mais de duas semanas antes da confirmação oficial do surto, em 31 de dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, e até um mês antes do primeiro caso de COVID-19 confirmado nos EUA, em 19 de janeiro deste ano, de acordo com o relatório do CDC.
Esta nova descoberta pode vir a se tornar em mais um contributo para o debate politizado sobre as origens do novo coronavírus.
Os anticorpos são gerados pelo sistema imunológico humano para identificar e atacar patógenos no corpo e são específicos para cada tipo de vírus, bactéria ou parasita.
“A presença desses anticorpos indica que as infecções por SARS-CoV-2 isoladas podem ter ocorrido na parte ocidental dos EUA”, escreveram cientistas do CDC no estudo, que foi revisto por pares e publicado no periódico Clinical Infectious Diseases.
De acordo com o relatório do CDC, os pesquisadores testaram cerca de 7.389 amostras de sangue coletadas entre 13 de dezembro de 2019 e 17 de janeiro de 2020. As amostras vieram de residentes de nove estados norte-americanos: Califórnia, Connecticut, Iowa, Massachusetts, Michigan, Oregon, Rhode Island, Washington e Wisconsin.
Destas amostras, 106 reagiram a testes de anticorpos SARS-CoV-2. Nessas 106, 39 foram coletados entre 13 e 16 de dezembro de 2019, enquanto o restante foi coletado entre 20 de dezembro de 2019 e 17 de janeiro 2020, disse o relatório.
Os cientistas fizeram mais testes em 90 dessas amostras para confirmar que os anticorpos não eram para outros coronavírus, como aqueles que causam gripes comuns. Um total de 84, ou cerca de 93%, possuíam anticorpos específicos para a COVID-19, de acordo com o relatório.
De acordo com o estudo, “essas descobertas sugerem que o SARS-CoV-2 pode ter sido introduzido nos Estados Unidos antes de 19 de janeiro de 2020″, e acrescenta que não foi possível determinar se as infecções estavam relacionadas a pessoas que viajaram recentemente, ou a uma propagação na comunidade.
Rastrear a origem: uma questão de cooperação internacional
O relatório do CDC surge quando duas equipes internacionais de investigação, uma organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outra pela revista médica The Lancet, tentam descobrir de onde a doença se originou.
A OMS afirmou que sua equipe iniciará a investigação em Wuhan. O objetivo é tentar determinar como o novo coronavírus cruzou a barreira animal-humana, empreendimento que pode levar anos e nunca ser alcançado, se as buscas por outros tipos de doenças infecciosas forem precedentes. A equipe da Lancet também se concentrará na disseminação inicial do SARS-CoV-2.
Rastrear com precisão a introdução de um patógeno em novas populações é importante para prever a carga de casos, a utilização de cuidados de saúde, e as fatalidades da COVID-19, de acordo com o estudo do CDC.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, reconhece que rastrear as origens do vírus é um problema científico complexo e pode envolver vários países e locais.
Tal como acontece com estudos em outros países, que agora encontram evidências anteriores do novo coronavírus, os dados do governo chinês vistos pelo jornal South China Morning Post indicam que os primeiros casos de COVID-19 no país podem ser rastreados até 17 de novembro, ou muito antes dos agrupamentos confirmados de infecções em Wuhan no final de dezembro.