Por Fernando Brito, Tijolaço –
O levantamento publicado hoje pelo jornal O Globo, mostrando que, pelos cálculo dos líderes partidários ( o que não é uma garantia absoluta, claro), haveria folgadíssimo número de votos para recusar a abertura do processo de impeachment da Presidenta da República dá margem a uma óbvia pergunta: se isso é, claro, do conhecimento de Eduardo Cunha que, como ninguém, sabe mapear os votos daquela casa, porque ele determinou o início de uma tramitação onde tem tudo para perder?
As respostas são várias, e não se excluem umas às outras.
A mais evidente, claro, é semear a confusão e a radicalização política, uma versão turbinada e muito mais grave do ponto de vista institucional do que a da pauta-bomba com que atentou contra o frágil cenário econômico do início do ano, ajudando em muito a deterioração que se assistiu de lá para cá.
A segunda – e não duvidem – é a de que, deflagrado o processo, reverterá os votos do PSDB e do DEM, que se preparavam para o “espetáculo da moralidade” na Comissão de Ética. Ao mesmo tempo, melhoraria suas condições interna no PMDB, fazendo pousar uma imensa mosca azul sobre a cabeça de Michel Temer, que sonha em ser “o cara” do mais forte partido do Brasil: o partido paulista.
Depois, o jogo pesado com a Justiça. O “tira a Dilma”, espera ele, dar-lhe-ia votos no Supremo: Gilmar Mendes, Celso de Mello, Luiz Fux, talvez. Minoria? Sim, mas muito para quem está a zero ou “a um” – deixo que se imagine quem – e o suficiente para bloquear decisões rápidas.
Acrescente, se quiser, uma divagação sobre quanto vale a possibilidade de depor um Presidente. Se quiser, use como parâmetro o que se dá à política para eleger um.
Sabe como é, tem muita gente que sabe explorar formas de ganhar dinheiro.
Apesar da crise e, ainda mais, com as crises.