Por Fabiano de Oliveira Ribeiro, para Jornal GGN –
As evidências de que a imprensa brasileira atua como um partido e oposição são tantas e tão evidentes que sugeriram a criação da expressão Partido da Imprensa Golpista, ou PIG, que foi contextualizada na Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Imprensa_Golpista .
O julgamento do Mensalão petista confirmou a existência do PIG. A imprensa atacou de maneira sistemática e impiedosa os Ministros do STF que ousaram votar contra o consenso criado pelos jornalistas no sentido de que o Mensalão existiu, foi gerido por uma rede criminosa, financiado com dinheiro público e comandado por José Dirceu. Estes ataques evidenciaram que, para os jornalistas, a validação jornalística do episódio tinha mais valor do que o julgamento jurídico que estava feito sendo feito pelo STF. Ao coagir os Ministros daquele Tribunal a votar de uma maneira e não de outra, a mídia não tentou apenas angariar mais prestígio do que o Estado. De fato, a imprensa tentou suprimir ou limitar o poder legítimo das pessoas encarregadas de julgar o Mensalão.
A mesma tática de intimidação tem sido repetida nos últimos meses durante o escândalo apelidado de Petrolão. A investigação da corrupção de alguns diretores da Petrobrás tem sido utilizado pela imprensa não para estimular o saneamento da petrolífera brasileira e sim para permitir a validação da idéia de que a mesma deve ser privatizada. Não só isto, os jornalistas exigem a revisão da Lei que regula a exploração do Pré-Sal como se coubesse à imprensa e não a presidenta eleita pelo povo governar o país.
Um poder privado acima dos poderes constitucionais públicos e sem qualquer controle. Assim pode ser descrita a imprensa brasileira nas últimas décadas. Os jornalistas não estão mais preocupados em verificar e reportar fatos relevantes que interessam ao público ou que permitem aos cidadãos exercitar melhor sua cidadania. A única coisa relevante para as empresas de comunicação é a agenda política e econômica dos seus donos que foi definida por eles mesmos. Em razão disto a imprensa segue tentando impor sua agenda privada aos cidadãos brasileiros por intermédio de notícias mais ou menos distorcidas, cortadas, editadas, maquiadas, omitidas e até inventadas.
O grau de coesão do PIG se tornou maior nos últimos anos. As empresas de comunicação não competem mais entre si. Elas agem de maneira coordenada e concertada. Uma revista define de que maneira um fato ou um “não fato” (ou factóide) será noticiado e todos os outros veículos de comunicação repercutem aquela versão como se a mesma fosse verdade inquestionável. Em geral tudo o que a oposição deseja fazer é classificado como de interesse público e tudo o que o PT fez ou pretende fazer está errado, deve ser desfeito ou desacreditado.
A corrupção no Estado brasileiro existe, mas está sendo combatida dentro da Lei. Portanto, o fenômeno não deveria ser usado pelos jornalistas para assustar os cidadãos ou para fomentar discórdias civis que podem levar o país a uma guerra civil. A única corrupção que me assusta neste momento é a do próprio jornalismo. O jornalismo não quer apenas descrever o país com a liberdade lhe conferida pela CF/88. A verdade é que o PIG quer se alçar à condição de único poder legitimo para destruir o PT, nem que para isto tenha que mergulhar o país numa onda de violência política semelhante à que ameaça a Ucrânia.
O PIG rejeita qualquer normalidade constitucional. Os petistas acusados de envolvimento no Mensalão devem ser crucificados pelo STF porque foram condenados pela imprensa. Os advogados das empreiteiras suspeitas de envolvimento no Petrolão não podem ser recebidos pelo Ministro da Justiça, caso contrário a cabeça do mesmo deve ser entregue numa bandeja de prata aos donos dos veículos de comunicação. Dilma Rousseff foi eleita e não pode governar ou preservar o regime de exploração do Pré-Sal tal como definido na Lei em vigor, pois a imprensa quer que o nosso petróleo seja explorado por empresas multinacionais que corrompem diariamente o jornalismo brasileiro com generosas verbas de publicidade.
Após narrar a vida de Lisandro e de Lúcio Cornélio Sila, Plutarco compara as vidas de ambos. Ele afirma que:
“… de Lisandro fué proprio haber recibido cuantos mandos tuvo de la espontánea voluntad de sus ciudadanos, estando bien constituída la república, sin haberlos violentado en nada ni haber tenido poder fuera de ley. Pero
Em las revueltas suele al más perverso caber más parte del injusto mando:
como em Roma entonces, que viciado, el pueblo y estragado el gobierno, se levantaban poderosos por diferentes medios y caminos, y nada tenía de extraño que Sila dominase, cuando los Glauquias y los Saturninos arrojaban de la ciudad a los Metelos, cuando los hijos de los cónsules eram asesinados en las juntas públicas, quando se apoderaban de las armas los que al precio del oro y de la plata compraban soldados y cuando el hierro y el fuego se dictaban las leyes, acabando con los que contradecían.” (Plutarco volume I, Vidas Paralelas, Colección Clásicos Inolvidables, Librería El Ateneo Editorial, Buenos Aires, 1952, p. 831)
O exagerado poder do PIG tem que ser domesticado antes que os jornalistas consigam corromper todas as instituições públicas do país. Sem regulação, a mídia continuará a fazer no Brasil o mesmo mal que Lúcio Cornélio Sila fez em Roma. A imprensa brasileira fomenta diariamente uma revolta contra o governo legítimo eleito pelo povo, desqualifica um partido político legalmente constituído e tenta destruir a política de Estado definida para a exploração do Pré-Sal. Resumindo, desde que começaram a explorar o Petrolão os donos das empresas de comunicação demonstram que querem exercer sozinhos um poder injusto. O candidato deles não foi eleito e a agenda privada deles não foi aprovada pelos cidadãos brasileiros nas urnas, portanto, eles tem que se resignar ou ser dobrados pelo Estado.
O governo Dilma Rousseff pode e deve reagir ao absolutismo da imprensa e a única maneira de fazer isto sem censurar conteúdos é arejar o ambiente empresarial em que o jornalismo é praticado. A regulamentação da mídia deve, portanto, ser enfiada goela abaixo das empresas de comunicação. Todo o peso do governo federal deve ser utilizado para fazer isto doa a quem doer.