Recebo com muita naturalidade a notícia de que a (ainda) deputada Carla Zambelli (PL-SP), se mandou do país, segundo ela, para “cuidar de sua saúde”. Ela atravessou a fronteira do Brasil com a Argentina e, de lá, embarcou para a Itália, fugindo da fiscalização brasileira.
Por Luan Araújo, compartilhado de DCM
foto: Carla Zambelli e o jornalista que ela perseguiu armada, Luan Araújo
Por questões legais, já que ela move um processo contra mim por um texto opinativo postado neste mesmo DCM, não posso comentar muito do que gostaria. Vai que ela me processa de novo e vou lá saber o humor dos juízes desse glorioso estado de São Paulo.
Zambelli está condenada a dez anos de prisão pelo caso da invasão ao sistema do Sistema Nacional de Justiça (SNJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) já formou maioria para condená-la no caso dantesco em que a referida correu atrás de mim com uma arma na mão na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Pessoas como eu, negras, vindas da periferia e sem costas quentes e nem pretensões políticas e proteções de poderosos, não podem fazer isso. Nem quero fazer.
Desde aquele fatídico 29 de novembro, convivo com um aumento na minha depressão, tenho crises de ansiedade e sofro ataques de pessoas da extrema-direita. Não vou fugir: estou enfrentando tudo de cabeça erguida, com a ciência de que sou inocente de uma acusação bizarra e infundada que ela me faz — de ter difamado sua imagem.
Na Europa, Zambelli poderá encontrar sempre uma Hungria da vida pronta para abrigar gente com inclinação fascista. Por aqui, passo por problemas que foram ainda mais agravados com a perseguição dela, mas tenho a consciência tranquila. Carla se escafedeu.
Que a deputada Zambelli encontre a cura de suas doenças lá fora, já que ela tem condições disso. Não guardo nenhuma mágoa, afinal essa é um sentimento ruim, que envelhece. Pelo que sei, seu amado Jair Bolsonaro tem muita mágoa dela e, talvez por isso, sua pele seja tão feia e ressecada.