Por Pio Redondo no Portal Brasil Notícia –
Movimento tem apoio dos professores, representados pela Apeoesp
Estudantes secundaristas de São Paulo, apoiados por familiares e professores, colocaram o governo Alckmin numa verdadeira ‘sinuca de bico’. Ou negocia com os estudantes e a Apeoesp [sindicato dos professores] a chamada ‘reorganização’ do ensino público estadual, ou manda a PM desocupar ao mesmo 74 escolas no estado de São Paulo.
E a ‘alternativa’ de desocupar com as tropas da PM, com seu elevado desgaste político, e consequências imprevisíveis em caso de resistência, só seria possível com autorização judicial, já que o governo recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo visando dar legalidade à sua ação.
Ocorre que, até aqui, os próprios juízes do TJ têm se mostrado temorosos com a possibilidade de confronto entre PMs e secundaristas, grande parte adolescente. Além disso, pais e amigos solidários têm se reservado à posição de apoiar as ocupações com alimentos e suporte material por entender que a luta contra a chamada ‘reorganização’ é justa.
Mas, na possibilidade de confronto, dificilmente veriam seus filhos apanhar, passivamente. Até aqui, os vídeos gravados pelos estudantes sobre as intervenções da PM revelam o uso desmedido da força de soldados armados.
Desde a primeira escola ocupada, a E.E Diadema, há 12 dias, o movimento não para de crescer. Criativos, os estudantes faxinam escolas, preparam as refeições, fazem apresentações culturais e usam a rede social para postar vídeos conclamando à adesão. Ou denunciando a violênica polical.
Jornais internacionais, como na Espanha, acompanham os desdobramentos.
Essas ações têm funcionado de tal forma, para surpresa do governo estadual, que mais uma escola foi ‘tomada’ neste domingo (22). O movimento não se restringe à capital. Só no ABCD são 12 unidades que aderiram à ocupação, promovendo entre si uma rede de solidariedade. Baixada Santista e interior também contabilizam adesões.
A ‘reorganização’ pretende atingir 754 unidades, com fechamento ou redução de ciclos. Segundo a Secretaria Estadual de educação, as mudanças envolverão, caso concretizadas, 311 mil alunos e 74 mil professores. Talvez o governo do estado tenha desprezado o poder de resistência desse enorme contingente e a solidariedade dos familiares.
A promessa dos estudantes é continuar com as ocupações até que o governo Alckmin recue da ‘reorganização’, uma decisão única e exclusiva do governador de quatro mandatos. Eles querem um debate sobre os rumos da educação pública no estado, com mais investimentos e participação da comunidadee, professores e funcionarios, ao invés de cortes de gastos na educação pública, já sucateada.
Os estudantes emitiram um comunicado público explicando suas propostas. Leia o comunicado:
“Manifesto do Comando das Escolas Ocupadas escrito na reunião de hoje no Fernão Dias:
Desde o dia 29 de setembro, os estudantes secundaristas têm lutado nas ruas, na secretaria de educação, nas diretorias de ensino, contra a medido autoritária imposta pelo governo Alckmin da reorganização da rede de ensino estadual.
Não obtendo resposta dos órgãos responsáveis, nos unimos e decidimos ocupar as escolas e construir um espaço de decisões e resistência à medida do governo que não nos consulta.
Desde o começo o governo tem tratado as ocupações como uma questão JUDICIAL e POLICIAL. Até mesmo o juiz Luiz Felipe, que derrubou a liminar de reintegração de posse das escolas ocupadas, declarou que a nossa questão é POLÍTICA e não judicial.
Somos todos contrários à reorganização escolar e fechamento de escolas.
Há mais de uma semana estudantes ocupam as escolas contra a reorganização, e com o passar do tempo a luta tem aumentado: o número de ocupações já passa de 90.
Somos contra:
-A reorganização escolar e o fechamento de escolas e salas.
Propomos:
-Menor quantidade de alunos por sala
-Nenhuma punição a estudantes, professores e apoiadores.
-Melhorias na infraestrutura das escolas.
CONTRA A REORGANIZAÇÃO VAMOS OCUPAR AS ESCOLAS POR MAIS EDUCAÇÃO!!”