“Sei que amanhã quando eu morrer…”

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Por Maria Cristina Ferreira – 

Telefone tocou cedinho e parti pro Jardim América no carro emprestado do filho do Bolacha com o próprio, Homerinho e Carlinhos Vergueiro.

Tava lá estendido o corpo no chão da sala, dentro dum caixão vagaba, Rua Franz Lizt.




O carro da funerária era dourado. Levou o caixão, os dois funcionários e uma senhora em cima do caixão, meio que acocorocada, que jurava ser filha do morto, mas bem que parecia bastante com ele.

Seguia atrás um carro da imprensa, acho que do Jornal do Brasil, acho que com Diana Aragão, figura. E a Brasília amarela do filho do Bolacha, eu pilotando, com nós três e mais Durvalina, a viúva, a bordo. Só isso,

Partiu Mangueira, estação primeira.

Tinha alguém pra receber o caixão?

Os dois funcionários da funerária chamaram dois garis que tavam de passagem, mais a população do cortejo, mas a Mangueira estava vazia.

Passou uma mãe puxando a criança que vestia uniforme de escola pública.

“O quê foi?” “Decerto algum sambista que morreu”.

Dona Zica, de Cartola, é que providenciou uma bandeira pra cobrir o caixão furreca e uma limonada pra Durvalina.

Aí o povo começou a chegar pras últimas homenagens e nós, do cortejo inicial, partimos pra beber nas biroscas da Estação Primeira: Missão cumprida.

Bebemos Nelson Cavaquinho até cair.

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