Uma seleção na contramão, no sentido oposto ao país.
Se o país caminha para falta de planejamento, de perspectiva, de recursos, de credibilidade e de interesse; a seleção brasileira faz o caminho oposto. Ela traz trabalho bem executado!
Se os dirigentes de clubes e federações de futebol fazem acordo com a entidade máxima para perpetuação desta no poder caseiro e na manutenção do status quo na inviabilidade de sua auto-punição de ver além mares; a seleção se direciona no sentido contrário. Ela alcança o mundo!
Se os políticos e eleitores se digladiam e se misturam nas mesma ausência de compromisso com o coletivo, com o individualismo e com a perpetuação da lei da vantagem e da esperteza, a seleção vai por outro lado. Ela joga futebol participativo e dinâmico!
Se torcedores não possuem equilíbrio, bom senso e respeito ao outro; a seleção busca o inverso. Ela é compacta e inteligente taticamente!
Se os simpatizantes buscam heróis e imediatistas substitutivos com discursos emotivos e sem conteúdo de execução prática, a seleção pensa diferente. Ela tem humildade e pés-no-chão!
Se a seleção é do povo, não sei se este esteja preparado para recebê-la. Ela é fruto de planejamento e de transpiração!
Se a seleção pertence a um CNPJ privado, não sei por que ela consegue se desvincular de tudo e de todos. Ela está no nosso imaginário!
Nesta noite de jogo e de madrugada na escrita, o 3 na Copa foi ao jogo entre Brasil e Paraguai, na Arena Corinthians, acompanhar o “quase passaporte carimbado” para Rússia em 2018. No final, na madrugada adentro, não ficou para a 15a. rodada, em agosto, daqui 5 meses, contra o Equador, em casa!
Um Equador que começou forte e que caiu sensivelmente, desde a primeira derrota em casa para a estréia de Tite, em tarde de Gabriel, Jesus, abrindo a série de 8 vitórias consecutivas em Eliminatórias (recorde absoluto!). Hoje, ajudaram o Brasil, perdendo para a Colômbia na altitude.
Nem a altitude contra o Brasil e contra a Colômbia na mesma data, não está mais ajudando o Equador.
Já o Chile, somente por um quase milagre, perderia para a Venezuela, o qual venceu bem, em casa. Quase o carimbo da seleção brasileira de Tite.
No final, o Peru classificou o Brasil, o primeiro país a carimbar vaga para o Mundial 2018 na Rússia, graças a uma vitória dos peruanos, em casa, ante o Uruguai.
Uma seleção brasileira que amadurece a cada jogo, aprende a disputar diferentes dias e propostas de jogo adversárias e sabe usar, com inteligência de seus recursos técnicos individuais, dentro da alta concentração de jogo coletivo.
Hoje, diante do Paraguai, de ótimo sistema defensivo elaborado por Arce, com paciência e domínio do nervosismo inicial de 15 minutos motivados pela pressão do favoritismo; a seleção brasileira, com muita movimentação, jogadas individuais, triangulações e passes curtos e rápidos conseguiu impor seu jogo; saiu na frente com uma pintura entre Paulinho e Coutinho. A luta do 5-4-1 paraguaio contra o 4-1-4-1 e variáveis do Brasil.
No intervalo, Tite reorganizou e a seleção voltou muito forte, compacta e atacando coordenadamente em bloco,. Aliviada da tensão, ampliou com Neymar e Marcelo, além do pênalti sofrido e mal batido por Neymar.
Um azougue, um frisson e um rompante com Neymar, Paulinho, Coutinho e Marcelo, bem protegidos taticamente por Casemiro e Renato Augusto, muito eficientes nesta noite. Fagner, não comprometeu no segundo tempo. No primeiro, deixou espaços na lateral que o quase nulo ataque paraguaio não soube aproveitar.
Miranda foi se firmando e Marquinhos muito preciso, dando a lugar a Thiago Silva, no intervalo, por conta de uma fisgada. Thiago foi bem, não tanto como o colega de PSG, o melhor do sistema defensivo brasileiro.
Alisson saiu atrasado numa única bola, mas nada chegava a seu gol, tamanha a força de tomada de terreno do time brasileiro. Coletivamente, a melhor seleção do planeta, neste momento! Neste momento, ok?
Firmino muito esforçado, fez ótimo primeiro tempo e caiu de produção no segundo. Diego Souza entrou bem pouquinho tempo e mostrou muita vontade. William deu descanso ao também protagonista Philippe Coutinho.
Se a conquista de uma Copa não vier na contramão da vida, a certeza do jogo bem jogado é mais importante que qualquer vitória a qualquer custo, sem desprezar os acasos, que sempre existirão!
Foto da capa: Paulo Pinto / Fotos Públicas