Por E.P. Cavalcante
Não há direita democrática. Toda direita é protofascista — ou seja, a caminho do fascismo — e chegará lá.
É o retrocesso político e social. Direita democrática é como atriz de filme pornô moralista, não existe. Pois ela, a direita, vê no progresso subversão da ordem e dos costumes.
Há cento e vinte anos, fins do século XIX, os pais escolhiam os maridos com quem as filhas teriam de se casar. Há cento e cinquenta anos, vender uma pessoa negra, no Brasil, era uma prática normal. Pois vivíamos em pleno regime escravista. Há sessenta anos, mulher não podia entrar como funcionária no Banco do Brasil. Há quarenta anos, mulheres não entravam nas forças armadas ou policiais. Há trinta anos, mulher não jogava futebol.
Mas nada disto a direita vê. Para ela devemos regredir aos tempos passados, quando era muito melhor, na sua mentalidade obtusa. Havia muito mais respeito, diz o idiota, sociopata, Bolsonaro e sequazes.
No fundo, ela é a defensora empedernida do atraso. Defensora do machismo, do racismo, da homofobia, contra o diálogo, o debate, a discussão e o discurso social.
Resumindo: a direita tem uma longa história de lutas em defesa do atraso, da escravidão, da injustiça e da repressão. Ser de direita é andar pra trás. A caverna é o lugar ideal para a direita.
E que fique claro: a direita brasileira é a única que se conhece, no mundo, que é antinacional. A única que luta contra os interesses do seu país.
” O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil!” bradou Juracy Magalhães, um dos cardeais da direita brasileira, ao chegar a Washington, em 1964, como o primeiro embaixador da ditadura militar.
Quanto ao “governo” atual de extrema direita, que não se envergonha do papel de serviçal do governo Trump, dispensa comentários!
Todas as outras direitas defendem o interesse nacional, o interesse dos seus países. É assim a direita francesa, argentina, inglesa, alemã e as demais.
Em todos os países onde ela toma o poder, quase sempre pelo golpe de estado, o putsch ou a conspiração, as primeiras medidas são queimar livros, queimar bibliotecas inteiras, destruir centros culturais, prender professores, pesquisadores e intelectuais em geral. Promovendo o obscurantismo e a ignorância.
Isto foi feito, aqui no Brasil, quando tomaram o poder em 1964, no golpe dado pelo general Castelo Branco, em conluio com o adido militar norte americano Vernon Walters.
Assim, a direita luta contra a cultura, a educação e o esclarecimento. É contra o debate, a diferença, a conscientização do indivíduo e da população. É daí que vem a ideia da escola sem partido. Sem a discussão política, diga-se.
E, por fim, a direita não tem escrúpulos. Quando parte para a repressão é violentíssima. Mata, tortura, mutila. Esquarteja os cadáveres dos presos assassinados, como fizeram com David Capistrano, na Casa da Morte em Petrópolis. E é por isto, exatamente por isto, que o fascista boçal, Bolsonaro, defende a tortura!
Fazem tudo o que os nazistas fizeram nos campos de extermínio da Europa Oriental, durante a Segunda Guerra Mundial. Guerra que o nazismo, a direita, provocou. Onde morreram mais de 50 milhões de combatentes. Mais de 80% destes lutando em defesa da liberdade.
E o Centro político, o que significa?
O centro é quase sempre uma direita envergonhada ou acovardada. “Não sou de direita nem de esquerda! Sou contra os extremismos!” Quem diz isto é a direita envergonhada. Não merece, sequer, maiores comentários.
Os chamados conservadores são os reacionários. Em tempos de crise pulam pra direita. Mas fora das crises, não se mexem. Nem querem ouvir falar em progresso.
Para eles tudo está bem como está. Querem um mundo estacionário, parado. Politicamente são alienados. Quer dizer: são alheios aos fatos políticos e sociais.
A esquerda quer o avanço. Quer a mudança. E por isto não teme o progresso.
É contra a mordaça e os antolhos. Luta pela cultura e a liberdade.
É contra as desigualdades sociais. Luta por mudanças profundas. Quer a revolução. Para a esquerda, a revolução é um acontecimento natural, na história.
É natural e necessário. Pois é a revolução que leva ao rompimento com o atraso, com o velho regime. É ela que pare o novo.
Foi na Revolução francesa de 1789 que se criou o conceito de direita e esquerda. Aquela revolução marcou a sociedade em todo o mundo. É o exemplo do rompimento com o atraso, com o antigo regime.
E é no rompimento com o passado de atraso que estão os fundamentos da esquerda.
Todas as conquistas sociais são frutos das lutas da esquerda, direta ou indiretamente. São vitórias parciais, porém vitórias. Pois a luta por um mundo melhor, por uma sociedade mais humana e igualitária, é permanente.
As conquistas dos trabalhadores como a jornada de 8 horas de trabalho, repouso remunerado, férias, licença para mulheres no período pós- parto e todas as outras conquistas são frutos das lutas da esquerda, repetindo.
O 1º de maio, dia internacional dos trabalhadores é a data comemorativa destas lutas e conquistas.
Mas por que esta data? Por que o 1º de maio? Em 1886, a cidade de Chicago, um dos principais centros industriais dos Estados Unidos, foi palco de importantes manifestações operárias. No dia 1° de maio, iniciou-se uma greve por melhores salários e condições de trabalho, tendo como bandeira prioritária a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias.
Os jornais a serviço das classes dominantes imediatamente se manifestaram afirmando que os líderes operários eram bandidos, preguiçosos e canalhas. No dia 3 de maio, a greve continuava e houve choques violentos com a polícia. Resultando na morte de 10 operários e mais de 100 feridos e milhares de presos.
No dia 4, houve uma grande manifestação de protesto e os manifestantes foram atacados por 180 policiais, que ocasionaram a morte de centenas de pessoas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas e residências de operários foram invadidas e saqueadas. Os principais líderes do movimento grevista foram condenados à morte na forca. Spies, Parsons, Engel e Fisher foram executados no dia 11 de novembro de 1886, enquanto que Lingg, também condenado, se suicidou.
Isto se chama luta de classe. E se não fosse a luta da esquerda só existiria em todo o mundo, na sociedade, senhores e escravos.
Um cidadão brasileiro de esquerda!
E.P. CAVALCANTE
Ilha de Paquetá, 18 de dezembro de 2019