Por André Caramante, publicado em Ponte Jornalismo –
O estudante Wallace Araújo Souza, 18 anos, levado por policiais militares após sofrer um espancamento, foi confundido com um ladrão que teria atacado a mulher de um PM
Os familiares chegaram ao rapaz depois que uma amiga da família viu reportagens sobre seu desaparecimento e se lembrou de tê-lo visto, durante a semana, no centro de São Paulo.
O policial militar, a bordo de um veículo Gol, particular, passou a agredir Wallace depois de confundir o jovem com um ladrão que teria roubado sua mulher, que o acompanhava no carro.
Após agredir Wallace, o PM chamou reforço e outros quatro militares, todos fardados e em um carro e duas motos, foram até o cruzamento das ruas Silva Bueno e Lima e Silva.
As agressões contra o rapaz foram gravadas por câmeras de segurança e testemunhadas pelos dois amigos de Wallace, um de 11 e outro de 14 anos.
Os dois meninos também viram quando Wallace foi colocado no carro da PM e o militar à paisana, que buscava vingança contra o suposto ladrão de sua mulher, foram embora juntos.
Os dois PMs que levaram Wallace no carro da corporação foram detidos na manhã desta sexta-feira (01/07) e disseram à Corregedoria da corporação que resolveram abandonar Wallace depois de ele não ter sido reconhecido como o ladrão que atacou a mulher do militar do veículo Gol.
A Corregedoria já confirmou que o militar que estava no Gol trabalha na região central de São Paulo, mas desconfia da versão de que Wallace foi abandonado perto de Heliópolis, onde vive com o pai, um coletor de lixo. O rastreador do carro da PM mostra que os PMs ficaram algum tempo parado depois do horário da abordagem contra Wallace.
Durante os seis dias em que esteve pelo centro de São Paulo, Wallace conviveu com moradores de rua e dormiu em abrigos. Vítima de atropelamento quando tinha nove anos de idade, o rapaz tem problemas de saúde que, segundo sua mãe, fazem com que ele tenha a mentalidade de uma criança.