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Sem ser médico, o general do Exército contraria recomendações internacionais da saúde e modifica a única estratégia bem aceita até agora no combate ao coronavírus
Jornal GGN – O interino da Saúde, que completou nesta semana dois meses no comando temporário da pasta na maior pandemia dos últimos 100 anos, Eduardo Pazuello, fez uma recomendação de que a testagem não é essencial para o combate ao Covid-19. Sem ser médico, o general do Exército contrariou as posições da Organização Mundial da Saúde (OMS) e criticou a única estratégia bem aceita até agora no combate ao coronavírus, adotada pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
Em entrevista à revista Veja, o ministro interino afirmou que a testagem não é essencial. “Criaram a ideia de que tem de testar para dizer que é coronavírus. Não tem de testar, tem de ter diagnóstico médico para dizer que é coronavírus. E, se o médico atestar, deve-se iniciar imediatamente o tratamento”, opinou.
Segundo o militar, que está à frente do Ministério que é hoje o mais importante no mundo, a recomendação de buscar somente auxílio médico quando necessário – uma recomendação também a nível internacional pelo meio científico com o objetivo de diminuir o colapso do sistema de saúde e hospitais – também foi equivocada.
Ignorando a alta incidência do contágio em pacientes com sintomas similares ao Covid-19, como gripes, resfriados, entre outros, ao buscar ajuda hospitalar, e com isso o aumento da propagação do novo coronavírus, Pazuello concluiu agora que ao não ir ao médico, os infectados morreram mais.
“No início, a população foi orientada a permanecer em casa mesmo com os sintomas da covid. E era para ficar em casa até sentir falta de ar. E, quando você tivesse falta de ar, ainda diziam para segurar mais um pouquinho. Matamos quantas pessoas com isso? Loucura. O porcentual de morte sobe para 70% ou 80%. E isso não está dito em lugar nenhum, principalmente por quem agora nos critica”, afirmou, sem informar a fonte desse percentual.
Sob esta opinião, Pazuello modificou o protocolo do coronavírus no país e recomenda publicamente os contagiados com sintomas leves a procurarem médicos.
E voltou a criticar Mandetta, o médico que deixou o governo Bolsonaro em abril deste ano. “Ele imaginava que a melhor coisa era ficar em casa até passar mal. Não vou dizer que ele estava errado ou que teve dolo. Na época era o que tinha de certo. Isso é a curva de aprendizagem. É uma doença nova, o Ministério da Saúde não tinha conhecimento do tratamento precoce, dos medicamentos que davam certo ou não e sobre quais medidas funcionavam”, disse, em tom de ensinamento.
“Ele fez um protocolo, e isso teve de ser modificado. Agora é tratamento imediato, nada de ficar em casa doente. E o diagnóstico é do médico, não do teste”, completou, sem dar detalhes sobre a capacidade da estrutura hospitalar brasileira de receber e atender pacientes.