Por Patricia Faermann, publicado em Jornal GGN –
“Delação que não delatou nada” mostra a “cara que é de perseguição do Judiciário ao PT”, diz Miriam Belchior
Miriam Belchior, ex-ministra do Planejamento no governo Dilma Rousseff, não foi acusada de envolvimento em nenhum crime. Mas após ter seu nome citado por um dos delatores da Odebrecht, figurou como possível investigada em anexo de delação, e que chegou a virar um inquérito próprio. A ex-ministra manifestou indignação pela “delação que não delatou nada”.
Alexandrino Alencar é um dos delatores, ex-dirigente da Odebrecht, que ao ser questionado pelos investigadores, informou a lista de todos os políticos do PT com os quais ele manteve agenda oficial, que incluía Miriam Belchior.
Como parte de seu acordo de delação, contou à Lava Jato todas as negociações em que participou representando a Odebrecht com dirigentes do governo, independentemente de haver irregularidades ou não. Sobre Miriam, informou reuniões quando ela atuava no Planejamento, de 2011 a 2015, e quando foi presidente da Caixa Econômica Federal, de 2015 a 2016.
“Quanto a delação que não delatou nada, queria manifestar minha indignação. É mais uma denúncia sem nenhum fundamento contra alguém que é do Partido dos Trabalhadores, é só por isso que houve a delação”, disse Miriam ao GGN.
A informação foi divulgada pela revista Crusoé, nesta sexta (08). Em um dos trechos do depoimento de Alexandrino, “o colaborador tinha consciência de que não havia fato crime envolvendo tais reuniões” com Miriam, e que “perguntado então por que foi apresentado o anexo 5 como fato de interesse para a colaboração, respondeu que todos os contatados do Partido dos Trabalhadores constantes da agenda institucional do colaborador, que fossem agentes políticos, geraram anexos”.
E, além de ter virado anexo de delação premiada, admitindo a falta de existência de crimes ou irregularidades, o caso sobre Miriam chegou a virar um inquérito próprio e o executivo foi ouvido para falar a respeito. Como declarou, de novo, que não havia crime nos contatos com a ex-ministra, a Polícia Federal pediu o arquivamento dos autos.
“Do mesmo jeito que o nosso presidente está lá, preso em Curitiba injustamente, essa delação também mostra bem a cara que é do Judiciário, da Polícia Federal, de perseguição ao PT e não de fato só para buscar irregularidades”, concluiu a ex-ministra.