Publicado em Jornal GGN –
Em meio às discussões sobre a origem da greve dos caminhoneiros, a Polícia Federal decidiu abrir 48 inquéritos para apurar suposta pressão por parte de patrões de impedirem que os funcionários trabalhem. A medida ocorre em meio ao acirramento de protestos contra o governo Temer em outras categorias.
Apesar das suspeitas originárias, ainda dentro mesmo do próprio setor, de que as paralisações dos caminhoneiros desde a última semana partiram dos patrões e não dos próprios trabalhadores, o governo de Michel Temer passou a levantar a hipótese como estratégia de defesa para desqualificar os atos dos movimentos, independentemente dos reais interessados nas reivindicações.
Foi o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que afirmou na última quinta-feira (24), no ápica da paralisação, que poderia haver o chamado locaute, que é o termo utilizado para quando os patrões impedem os trabalhadores de determinada categoria a exercer suas funções, o que é ilegal.
“Eu diria que nós temos indícios de que existe uma, digamos assim, uma aliança, um acordo entre os caminhoneiros autônomos e as distribuidoras e transportadoras. Isso é grave porque isso apresenta indícios de locaute. Evidentemente nós estamos verificando isso porque loucate é ilegal e não é permitido pela lei”, disse Jungmann, na última semana.
Agora, mesmo após o acordo feito pelo governo com a publicação das Medidas Provisórias em edição extra do Diário Oficial da União na noite de domingo (27), as manifestações seguiam nesta segunda. E para piorar o cenário de desaprovação popular do governo Temer, foi a vez dos petroleiros anunciarem greve de 72 horas a partir de amanhã.
A estratégia de tentar tirar a credibilidade dos movimentos partiu, de uma vez, para a investigação por trás dos protestos. Por isso, a PF anunciou que 48 inquéritos foram abertos em 25 estados do Brasil sobre a paralisação dos caminhoneiros.
Mas, de acordo com as informações divulgadas no noticiário de hoje, a PF está ouvindo os representantes de associações e empresários. Não se fala, ainda, de recolher depoimentos dos próprios trabalhadores.