Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
“Não quero obedecer / Regras ou opinião / Eu quero escrever / O que manda meu coração… Este verso está na abertura do livro de poemas “Pedacinhos da Vida”, da amiga Sallete de Azevedo Camello, a Lelé.
A Lelé, que partiu no último 22 de maio, aos 96 anos, é daquelas pessoas que a gente se espelha: quero viver como a Lelé vive, pensava eu toda vez a via em festas de aniversários e de lançamentos de livros de poemas de sua autoria.
Ultimamente, venho traçando como meta para os dias e anos que por ventura eu viva (toc, toc) o desejo de continuar tendo MVM – Mobilidade, Visão e Memória.
Esta sigla otimista por mim inventada, era vivida pela Lelé. Sei pouco sobre as poucas e boas que ela deve ter vivido nestas mais de nove décadas e meia, nestes mais de 35 mil dias, mas o que passava a Sallete era o que escreveu no verso acima, fazer o que manda o coração.
O filho, amigo de copo e alma, Henrique Camello escreveu hoje num grupo em que privamos com outros companheiros: “Ontem Lelé partiu. Partiu pra dentro do meu peito de onde jamais sairá”. Já o amigo Wagner, casado com a neta de Lelé, a Thaís, colocou no grupo um aforismo: “Laços de sangue são fortíssimos. No entanto, os laços de almas afins são inexplicavelmente poderosos” (de acordo com o Google, de Rosicarmen Xavier).
No início deste texto escrevi que a Lelé é destas pessoas. Sim, no presente, ela é. Ela parte, mas fica dentro dos nossos peitos, pois viveu para entremear laços de almas afins.
Encerro com este poema da querida Lelé:
O bom da vida
É viver
O bom do amor
É amar
O bom do trabalho
É trabalhar
O bom da escola
É estudar
O bom da música
É dançar
O bom do afeto
É sentir
Mas o bom da amizade
É medir
O bom da bebida
É beber
O bom do efeito
É pensar
O bom da rodada
É conter
Mas o bom da saideira
É se mandar
Para a Sallete, aquela que jamais se mandará dos nossos corações, digo: Sem saideira, Lelé!