Créditos: Arquivo pessoal/Vandelan Holanda

Os 34 alunos da UFPE foram aprovados em programas de doutorado sanduíche da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, agora, temem não serem vacinados até as datas das suas respectivas viagens. É que, caso não recebam as duas doses da vacina, dependendo do destino, terão de arcar com despesas de hospedagens indicadas por cada país. Os custos excedem o valor do Auxílio de Instalação, disponibilizado pela Capes, como conta Thales Lúcio, de 31 anos, doutorando em Geociências e que pretende viajar para o Canadá. “A Capes disponibiliza um valor para instalação dos bolsistas, mas esse valor não seria suficiente para os 14 dias de quarentena a que nós deveríamos nos submeter e nem para os dias restantes do mês. Nós precisaríamos de uma outra ajuda para nos mantermos no exterior durante esse período”.




Em média, a hospedagem em hotéis no Canadá, durante o período de quarentena exigido pelo país, custa em torno de 1.500 dólares canadenses (aproximadamente R$ 6.275,00). Para se manter, Thales contaria com uma ajuda da Capes no valor de 1.470 dólares canadenses, o que torna pouco viável a sua viagem e o andamento da sua pesquisa. O geólogo tem planos para viajar em setembro.

No mesmo impasse, está o pesquisador da área de Bioquímica e Fisiologia, Vanderlan Holanda, de 27 anos. O início das suas atividades na Espanha está previsto para 1 de setembro. O país ainda não reabriu as fronteiras para turistas brasileiros, nem mesmo com a condição de já estarem vacinados.

Sobre a sua pesquisa e a incerteza que paira sobre a possibilidade de viajar ou não, Vanderlan se diz desesperançoso e destaca a importância do seu trabalho e os seus esforços para manter a sua pesquisa ativa, inclusive desenvolvendo atividades presenciais nos laboratórios da UFPE durante a pandemia. “No momento, eu não acredito que eu e os demais doutorandos, que estão nessa mesma situação, seremos vacinados até setembro. Pra mim, é difícil lidar com essa situação, pois fui aprovado para a realização de uma colaboração internacional, que será importante para o desenvolvimento científico e tecnológico. Desde o início da pandemia, eu e outros pesquisadores continuamos a desenvolver, presencialmente, atividades nos laboratórios de pesquisa da universidade, mesmo sem estarmos inseridos nos grupos prioritários”, lamenta.

A solução para os casos como o de Thales e de Vanderlan, seria a vacinação imediata ou o mais breve possível, tendo em vista a diferença dos intervalos das doses de cada imunizante administrado no Brasil – a Coronavac tem o intervalo entre a primeira e a segunda dose de, no mínimo, 21 dias, enquanto a vacina da AstraZeneca requer 12 semanas.

O grupo de pesquisadores enviou à Reitoria da UFPE uma carta solicitando a inclusão dos aprovados no programa de doutorado sanduíche no exterior nos grupos prioritários da fila de vacinação do município do Recife. A Universidade encaminhou um ofício com o pedido à Secretaria Municipal de Saúde, mas a resposta foi negativa.

Ao ser procurada pela Marco Zero, a Secretaria de Saúde do Recife informou que não define os grupos que têm prioridade na fila de vacinação e que, nesse caso, os pesquisadores deveriam ser trabalhadores da área de educação do município ou do estado. A assessoria de comunicação da Secretária Estadual de Saúde informou, por telefone, que a definição de quem irá receber a vacina cabe ao município. Os doutorandos foram convocados para uma reunião com a pró-reitoria da universidade, marcada para a próxima sexta-feira (11), para discutirem o assunto.

Geólogo Thales Lúcio aguarda reunião com UFPE e tem esperança de viajar para o Canadá. Crédito: Arquivo Pessoal