Luiz Antonio Simas pelo Facebook –
Dizer, nós que temos identificação com a cultura afro-brasileira, que culturalmente somos “pretos” chega a ser infame. Não somos.
Fanon dizia que o racismo e o colonialismo devem ser entendidos como modos socialmente gerados de ver o mundo e viver nele, ressaltando que a colonização gerou sociedades psicologicamente doentes. Eu acho que é por aí. (É evidente que raça não é uma condição biomolecular, mas é uma poderosa construção fenotípica e cultural. Quando falo de raça, me refiiro a uma construção social que opera na dimensão do racismo e me faz ter, cotidianamente, a proteção da cor da pele. Faz o seguinte: tenta ser preto e convencer a polícia, numa batida às dez da noite na periferia, de que raça não existe segundo a biologia.)
A desconstrução disso é processo que pressupõe ações urgentes em vários campos, inclusive no epistemológico. A invenção do eurocentrismo – a impressão de que a Europa moderna representou o ápice civilizatório da humanidade e de que toda a história da humanidade só pode ser contada a partir dos marcos e códigos que o ocidente produziu – demanda constante trabalho de enfrentamento e desconstrução, inclusive dentro de nós.
Nós, os brancos, precisamos urgentemente nos livrar da nossa doença profunda e corrosiva, que é alimentada desde o berço e reforçada cotidianamente, na escola, nas ruas e no mercado de trabalho: o complexo de superioridade.