Lembro-me certa vez, há uns bons pares de anos, de ter brincado com meu pai, falando que – na época dele – deveria ser muito fácil estudar História, na escola. Por que? Porque no tempo dele havia muito menos quantidade de História pra estudar…
Por Celso Sabadin. compartilhado de Planeta Tela
Lembrei-me desta brincadeira ao assistir à série “Mitos da História”, que estreia esta semana no Canal Curta. No fundo, a piadinha não faz sentido, porque na verdade a gente nunca “sabe” realmente como transcorreram os fatos históricos, que são constantemente revisados, revisitados, reestudados e recontados sob as novas luzes de novas pesquisas e documentos que vêm à tona.
Produzida pelas francesas Arte e Cinétévé, a série “Mitos da História” (no original, “Les Coulisses de l’Histoire”) é composta por 12 episódios de 52 minutos cada, lançados entre 2017 e 2021. A proposta é questionar, com muita informação e um show de imagens de arquivo, aquelas “verdades” que no decorrer do tempo a maioria de todos nós acaba aceitando como inquestionáveis. O Canal Curta exibe agora os quatro primeiros episódios, deixando o espectador sedento pelos outros oito.
O primeiro coloca em dúvida a capacidade estratégica de Hitler, e defende a tese de que as primeiras vitórias alemãs na Segunda Guerra teriam, na verdade, de ser creditadas a outros generais do Reich. Mais tarde – segundo o documentário – surtos de prepotência fizeram o Führer demitir seus principais estrategistas, dando início à derrocada nazista. Ainda bem.
O segundo questiona a real necessidade de os EUA terem cometido o genocídio atômico contra o Japão, em agosto de 1945. O filme afirma que Truman na realidade dizimou Hiroshima e Nagasaki – que sequer eram alvos estratégicos – apenas para que o Japão se rendesse aos EUA, e não à Rússia, que atacava pelo norte, num momento eu que a derrota nipônica já era inevitável. Assim, o domínio do país de Hiroito ficaria em mãos estadunidenses, e não russas, como de fato aconteceu.
O terceiro capítulo desmistifica o Plano Marshall de recuperação da Europa pós-Segunda Guerra, argumentando que tudo não passou de uma gigantesca armadilha econômico-financeira. A ideia nunca teria sido a reconstrução do velho continente, mas sim torná-lo dependente dos EUA. Interessante também como, a partir deste processo, nasce a infame CIA, a central de inteligência dos Estados Unidos.
E o quarto episódio afirma que o grande mérito do crescimento chinês a partir da revolução comunista deveria ser creditado não a Mao-Tse-Tung, mas sim ao seu segundo homem na linha de poder, Deng-Xiaoping.
O que mais chama a atenção nos filmes é a incrível quantidade de material de arquivo. Somando os quatro, são mais de 200 minutos ininterruptos de uma grande variedade de cenas históricas, algumas em cores, incluindo bastidores da Segunda Guerra (tanto do lado vencedor, como do perdedor), cenas de batalhas aéreas, terrestres e marítimas, e intensas movimentações sociais e populacionais.
Não há tempo para depoimentos e entrevistas: tudo é ilustrado por cenas reais da época.
Estes quatro episódios de “Mitos da História” já estão disponíveis no Curta!On – Clube de Documentários, que pode ser acessado na ClaroTV+ ou no site CurtaOn.com.br. A estreia no canal Curta será nesta sexta-feira, 07/04, com os seguintes horários alternativos: 08 de abril, sábado, às 03h e às 12h30; 09 de abril, domingo, às 18h30.
Que venham logo os outros oito.
