Publicado em Extra Classe –
Ao mesmo tempo em que o setor se profissionalizou e exigiu profissionais cada vez mais qualificados, muitos contratantes ainda mantêm uma cultura que valoriza pouco os docentes que atuam neste segmento
São 1.295 escolas que atuam, atualmente, exclusivamente com educação infantil privada e aproximadamente 4.362 professores que trabalham nessas escolas em todo o Rio Grande do Sul. Os professores, no entanto, vivem uma situação de desvalorização da profissão em contraste com o crescente número de exigências nas escolas. Desde que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) integrou as creches e pré-escolas ao sistema formal de educação pública e privada – o que ocorreu no começo da década de 2000 –, ao mesmo tempo em que o setor se profissionalizou e exigiu profissionais cada vez mais qualificados, muitos contratantes ainda mantêm uma cultura que valoriza pouco os docentes que atuam neste segmento.
Reflexo dessa cultura é a demora com que o Sindicato patronal (Sindicreches) vem tratando as negociações para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da Educação Infantil 2018. A data-base é 1° de maio e já entrou o mês de setembro sem que sequer tenha se aproximado de um acordo. O que vem ocorrendo, além de escassas reuniões de negociação por conta da intransigência e inflexibilidade do Sindicreches para mais encontros é o cancelamento reiterado de reuniões.
“As mensalidades altas pagas pelos pais deveriam balizar uma melhor atenção dos empregadores à valorização dos profissionais deste nível de ensino. Não há educação de qualidade sem valorização dos professores”, atesta Celso Stefanoski, diretor do Sinpro/RS. Um dos maiores problemas, segundo ele, é que apesar do vínculo empregatício e um vínculo de trabalho registrado existe uma informalidade que extrapola o contrato de trabalho.
“Há situações que beiram o absurdo, submetendo docentes a situações constrangedoras de desvio da função, isso sem contar as inúmeras tentativas de registar as carteiras de trabalho como auxiliar ou técnico em desenvolvimento infantil e não como professores, mesmo sendo titulares de turma. O Sinpro/RS vem desenvolvendo políticas e campanhas de valorização dos professores, bem como denúncias dessas situações”, relata o diretor Stefanoski (vide box).
As principais denúncias de precarização do trabalho e descumprimento da CCT que chegam ao Sindicato são:
- professores contratados como auxiliares ou técnicos em desenvolvimento infantil;
- desvio de função, como faxina, trabalhos burocráticos de secretaria, cozinha etc;
- não remuneração de horas-extras;
- não remuneração de portfólios;
- desrespeito ao limite de alunos por turma;
- violência contra os professores e constrangimentos impostos pelas direções e coordenações;
- ausência de sala de convivência e de descanso para os professores.