Show de Bolão apresenta o último tango na terra da bossa nova

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E o Bem Blogado volta com o Show de Bolão. Só quem conhece Oscar Bolão sabe que sua biografia não é mole, não (rimou). E aqui, mais uma prova disso.

Por Oscar Bolão




Boas tardes. Certas situações seria melhor deixá-las quietas. Algumas, tão absurdamente verdadeiras, até parecem mentira. Muitos hão de me achar um embusteiro agora mas, pela alma de minha santa mãe, juro que o que vos conto é a mais pura verdade.

Nasci no Leblon e por lá vivi uns 50 anos – 40 dos quais na mesma casa, já derrubada. Era uma bela construção ao estilo Le Corbusier, com quintal e jardim. Nos fundos, meu pai construiu uma piscina que virou viveiro de pássaros, que virou canil.

Minha irmã, numa viagem ao Recife, conheceu um sujeito que tempos mais tarde bateria à nossa porta. Chamava-se Demétrio. Não tendo onde ficar, a louca da minha mãe disse que ele poderia ajeitar o canil desativado e transformá-lo num quarto. O cara assim o fez e por ali se hospedou por um tempo.

O Demétrio – boa pinta – era, como chamaríamos hoje, um tremendo 171. Vivia de atividades bissexuais, satisfazendo velhas madames e cabeleireiros carentes. Chegou a ludibriar, inclusive – na compra de uma motocicleta – o famoso cirurgião Hosmany Ramos, condenado a 53 anos de cadeia por roubo, contrabando e assassinato. Imaginem a lábia do Demétrio.

Numa noite, já bêbado, paro meu fusca no portão de casa e uma moça bonita, por gestos, me pergunta se podia abri-lo. Disse-lhe que sim, também por gestos. Com a sensação de já tê-la visto antes, entrei e fui direto pro meu quarto. Apaguei.

No dia seguinte, ressacado, preparei meu café com leite e um pão com manteiga. Sentei na porta da cozinha, que dava pros fundos da casa, e fiquei calmamente apreciando o belo dia de sol. Daí a pouco abre-se a porta do antigo canil e dele sai a tal moça bonita. Cabelos fartos, pele europeiamente branquinha. “De onde eu conheço essa figura?”, pensava.

Nos demos bom dia, por gestos de novo. Em seguida sai Demétrio, que me saúda num sotaque pernambucano: “Bólão!” Abraçando a moça bonita ele faz a apresentação: “Bólão, essa aqui é Maria Schneider, do ‘Último Tango em Paris’.”

Finalmente caiu a ficha. Eu estava diante da moça violentada por Marlon Brando! Saindo do canil nos fundos da minha casa!!

Embasbacado, passei minutos intermináveis olhando pra ela e pra manteiga no meu pão.

Acreditem se quiserem.

Para viajarmos no tempo em que o Bolão não sabia quem frequentava o seu quintal, a trilha de “O Último Tango em Paris”, com Gato Barbieri

https://www.youtube.com/watch?v=Z8dPNHriiZA

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