Show de Bolão: O Dia em que os bichinhos viraram músicos no zoológico

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“Show de Bolão” é a nova seção do Bem Blogado, às sextas-feiras, com  textos do grande artista, baterista, pandeirista, percussionista, outros “istas” e fotógrafo Oscar Bolão.

Como nem todo mundo tem a sorte de conviver com o grande artista em volta de uma mesa em Paquetá, o bem humorado e sarcástico  Bolão  conta aqui histórias da sua estrada artística de mais de 45 anos.




Vejam ainda a trajetória do artista  no Dicionário Cravo Albin e  apresentação ao lado de Henrique Cazes e Fernando Leitzke no Quintal da Regina, Paquetá, 2018.

 

 

Com vocês, o Show de Bolão:

“Bons dias. Surge, com a bossa nova, uma outra maneira de tocar samba. Este samba de bossa nova – que alguns americanófilos tratam por samba-jazz – tem como um de seus ícones o baterista Edison Machado. Eu sigo o estilo de samba batucado e a minha referência é Luciano Perrone. Representando a escola machadiana – que diplomou a quase unanimidade dos bateristas brasileiros pós-bossa nova – tem um baiano que, pra mim, se destaca dos demais: Tutty Moreno.

 

Assim como fiz, ele também se desgrudou de seu mestre em busca de uma identidade própria, adicionando um molho delicioso e único à esta forma de tocar.

 

Lá por 1993 ou 1994, participei do musical infantil “A Arca no Zoo”, de Toquinho e Vinícius de Moraes, com direção artística de Karen Acioli. A direção musical era da pianista Monique Aragão – que dividiu os arranjos com o contrabaixista Ronaldo Diamante e o flautista e saxofonista David Ganc. Os três estavam no grupo de músicos, que contava ainda com Flávio Medeiros na guitarra, Élcio Cáfaro na percussão e eu na bateria.

 

Não me lembro quantas apresentações foram, mas a que fizemos no Jardim Zoológico do Rio jamais vou esquecer. Aqui começa o esculacho: o figurino de cada um de nós representava um bicho.

 

Também não me recordo o que todos vestiram. Lembro, apenas, que a Monique era a girafa e o contrabaixista Dôdo Ferreira – que atuava como cantor – era a foca. Já eu… parafraseando o violonista Luís Filipe de Lima, preciso que vocês entendam “como é dura a vida honesta.” Eu… pensava no Das Neves : “não posso perder esse emprego.” Paciência: eu era o porquinho. Vocês podem me imaginar vestido de porquinho?

 

O espetáculo foi num domingo de manhã e, praticamente deprimido, vestido de porquinho, só pensava: “Tudo bem, ninguém que conheço vai aparecer por aqui pra me ver assim.”

 

Me desculpem, mas neste momento só um palavrão pra definir o que está pra ser narrado: “puta que pariu!” O espetáculo já tinha começado quando, de onde eu estava, avistei a cantora e compositora Joyce e o Tutty – com uma neta, ou neto, deles no colo. Por que Deus faz essas coisas comigo?

 

Tentei de todo jeito me esconder atrás dos pratos da bateria, mas gordo pra caramba, não deu. E, claro que o Tutty, baterista, ia querer saber quem estava na bateria. Daí ele me vê. Me vê e não acredita.  Então, pende o corpo prum lado, pende pro outro, arregala os olhos e confirma: é o Bolão!!

 

Aí, devagarinho e com um leve sorriso nos lábios, vem se aproximando do palco. Para bem embaixo de onde eu estava, e tripudia me apontando pra criança: “ó, neném! Ó, o porquinho tocando bateria!”

 Numa situação esdrúxula dessas, fazer o quê?

 

Bolão no Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira

Oscar Luiz Werneck Pellon, iniciou sua carreira profissional em 1975, com o grupo Coisas Nossas, com o qual atuou no espetáculo “Na Boca do Povo”, realizado no ano seguinte, cuja estrela, Marlene, cantava os clássicos da MPB. O show, escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin, foi apresentado na Sala Sidney Miller, da Funarte.

Fez parte da Orquestra de Música Brasileira e da Orquestra de Cordas Brasileiras. É baterista da Orquestra Pixinguinha, dirigida por Henrique Cazes, e da Banda de Câmara Anacleto de Medeiros. Atua, ainda, em trabalhos de música contemporânea, com Ronaldo Miranda, Tato Taborda e Tim Rescala, que lhe dedicou as peças: “Concerto para dois pandeiros e cordas” e “Drummer drama”.

É considerado o único seguidor do estilo de bateria brasileira criado por Luciano Perrone, fundamental a muitas obras de Radamés Gnattali. Por esse motivo tem sido convidado a participar de eventos como a primeira audição da cantata “Operário em construção” e a remontagem de obras de Gnattali como “Bate-papo a três vozes” e o “Samba em três andamentos”.

Leia aqui na íntegra o verbete Oscar Bolão

https://dicionariompb.com.br/oscar-bolao/dados-artisticos

 

Veja aqui uma performance de Oscar Bolão ao lado de Henrique Cazes, Fernando Leitzke numa noite memorável em Paquetá

 

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