Por Miguel do Rosário, para o Cafezinho
As pesquisas de intenção de voto estão desmoralizadas. Amanhã começa a nova temporada, com o Ibope. Como sempre, elas poderão influenciar a agenda política, mas um tanto artificialmente. O Brasil está se revelando complexo demais para termos apenas dois ou três institutos apurando a opinião de 140 milhões de eleitores.
Temos que apelar para a nossa sensibilidade política para podemos visualizar cenários.
Pelo menos agora temos um dado concreto em mãos: o resultado no primeiro turno.
É com esses números que devemos trabalhar. Tabelei os dados para facilitar nossos cálculos:
E fiz uma simulação ultraconservadora contra Dilma. Projetei que TODOS os eleitores de São Paulo e Paraná, que não votaram nem em Dilma nem em Aécio no primeiro turno, migrariam para o tucano.
Em outras palavras, Dilma manteria os mesmos 5,9 milhões de votos que obteve em São Paulo e Aécio teria 17 milhões de votos no estado; uma diferença de 11 milhões de votos.
No Paraná, a mesma coisa.
Quanto ao resto dos estados, estimei que Aécio e Dilma herdarão metade dos votos daqueles que não votaram neles no primeiro turno.
Por incrível que pareça, ainda assim Dilma ganha, embora por estreitíssima margem de 0,65%. A petista teria 52 milhões de votos, contra 51,5 milhões de Aécio, ou 50,3% contra 49,7%.
Naturalmente, isso é apenas um exercício, visto que é virtualmente impossível que todos os votos em Marina em São Paulo e Paraná migrem para Aécio Neves.
Fiz ainda um outro exercício, também conservador (para Dilma), no qual a petista herdaria apenas um terço dos votos de Marina no Sudeste, Centro Oeste e Sul e dois terços no Nordeste e Norte.
Ainda sim a petista ganharia, embora novamente com margem ultra apertada, por 51,78 a 51,63 milhões de votos.
A situação de Dilma é arriscada porque ela enfrenta uma guerra sem quartel da mídia.
Hoje, por exemplo, os portais passaram quase o dia inteiro dando destaque à notícia de que um ex-servidor federal, que atuava na campanha de Pimentel, candidato ao governo de Minas Gerais, foi detido com R$ 116 mil em espécie.
Ora, há algumas semanas, a PF pegou um ex-repórter da Globo com R$ 102 mil em espécie e mais 16 cheques em branco de Bruno Covas, candidato a deputado pelo PSDB em SP, e nenhum jornal deu destaque.
A mesma coisa vale para o helicóptero do pó, apreendido pela PF com meia tonelada de cocaína. O dono do helicóptero era amigão de Aécio Neves.
A mídia tratou de abafar o caso.