Por Ulisses Capozzoli, jornalista
Sismo que atingiu a Turquia e Síria, mas que certamente foi sentido com menor intensidade em toda a região circunvizinha, deve produzir um número desolador de mortos e feridos, além de destruição de edifícios, muitos deles históricos, incluindo pontes e outras instalações vitais. O tremor teve magnitude 7,8 (magnitude e não grau como costuma ser identificado erroneamente) uma escala logarítmica e isso indica, apenas para referência geral, que foi 10 vezes mais intenso que um evento de magnitude 6,8 ou 100 vezes superior a uma ocorrência de magnitude 5,8.
Sismos, ou tremores de terra em linguagem popular, resultam da interação de placas tectônicas, uma espécie de balsas rochosas em que a superfície da Terra está dividida, como se fosse a casca quebrada de um ovo cozido. Esse último evento está ligado à interação da placa de Anatólia, que inclui a Turquia e Irã, com as placas Arábica, Africana, Helênica e Euroasiática.
As placas tem sua usina de força nas altas temperaturas do interior da Terra que, logo abaixo do manto, a uns 5 km de profundidade, é pastoso mas passa ao estado líquido em regiões ainda mais internas e abriga um núcleo sólido. O calor resulta tanto da temperatura de formação da Terra, remanescente no interior do planeta, quanto o gerado pelo decaimento de elementos radioativos naturais, como o urânio.
O que a ciência pode fazer para minimizar essas ocorrências catastróficas quando atingem magnitudes elevadas? A previsão desses eventos e um mapeamento deles em escala cada vez mais refinada deve levar a iniciativas mais precisas e construção de instalações capazes de suportar a onda de choque liberada pela tensão do interior da Terra.
Tudo isso pode parecer um castigo em uma interpretação não científica, mas a verdade é que o interior da Terra, atuando como um dínamo (porque a Terra está em rotação) produz um campo magnético que nos protege de radiação letal liberada pelo sol, a fonte das auroras polares, austral no Sul e boreal, no norte, ainda que a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de aurora boreal.
Ocorre que, no norte, ocupado até elevadas latitudes há ocupação humana, ao contrário do que ocorre no interior gelado da Antártida, no Sul.
Sismos são fontes de perdas materiais e de vidas preciosas, mas há uma outra ameaça ainda mais poderosa, mesmo que infinitamente menos frequentes representada por bólidos que chegam do céu: cometas e asteroides capazes de produzir resultados que superam o de muitas bombas atômicas eclodindo ao mesmo tempo.
O que a ciência pode fazer neste segundo caso? O que ocorre neste momento é um monitoramento crescente de corpos ameaçadores e o início de um sistema capaz de alterar órbitas que cruzam com a da Terra em torno do Sol. Daí não fazer qualquer sentido o discurso simplista de que a exploração do espaço é um desperdício de recursos que deveriam ser melhor aproveitados na erradicação da desigualdade social no planeta.
O fato é que uma coisa não exclui a outra e tanto o conhecimento científico crescente como a eliminação das desigualdades podem ser feitos ao mesmo tempo, até porque a ciência é uma poderosa aliada também no ataque aos desajustes sociais.Informe-se sobre as ocorrências naturais e a fascinante complexidade da Natureza e com isso proteja-se da insanidade dos discursos que, em casos como estes, costumam estimular a manifestação de farsantes, exploradores da ingenuidade e negacionistas científicos.
Ah! Sim. O Brasil não tem sismos, verdade? Tem, sim, mas produzidos por falhas geológicas (ou de forma artificial como resultado de grandes reservatórios hidrológicos) que , em princípio, são menos intensos que os que ocorrem nos limites de placas tectônicas. O território nacional está assentado sobre uma única e gigantesca placa, a Sul Americana, que se choca com a Placa de Nazca, no Pacífico, e ainda continua construindo a grande cadeia montanhosa dos Andes.
O sismo mais intenso já registrado, produzido pela interação da placa Sul America e Nazca atingiu magnitude 9,6, no Chile, em 22 de maio de 1960 e matou duas mil pessoas.