Por Oscar Valporto, compartilhado de Projeto Colabora –
Ranking dos 100 municípios mais populosos revela os números dramáticos da falta de saneamento básico no país
O novo Ranking do Saneamento Básico – elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados e baseado nos 100 maiores municípios do país – aponta uma estagnação nos indicadores de acesso à água e ao esgotamento sanitário no país. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – base 2018), indicam que 16,38% da população não têm acesso ao abastecimento de água (quase 35 milhões de pessoas, três vezes a população de Portugal); e 46,85% dos brasileiros não dispõem da cobertura da coleta de esgoto (mais de 100 milhões de pessoas – mais de duas vezes a população da Argentina). O dado mais alarmante, no entanto, continua sendo o da falta de tratamento: apenas 46% do volume de esgoto gerado no país é tratado. Ao avaliar os 100 maiores municípios brasileiros por número de habitantes, o ranking contempla mais de 40% da população e todas as capitais do país.
Confiram alguns números da emergência sanitária nacional:
5.715 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento por dia são despejadas na natureza; por ano, são mais de dois milhões de piscinas olímpicas de esgoto despejado indevidamente
73,30% foi o indicador médio de coleta de esgotos nos 100 maiores municípios: avanço ridículo, comparado aos 72,77% registrados em 2017
53,2% foi indicador médio de coleta de esgoto considerando todos os 5.125 municípios brasileiros
2,05% apenas da população de Ananindeua, no Pará, tem coleta de esgoto: o pior índice entre os 100 maiores municípios do Brasil
7 dos 10 municípios com menor porcentagem de população com coleta de esgoto estão na Região Norte, inclusive as capitais Porto Velho (4,76%), Macapá (11,13%), Manaus (12,43%), Belém (13,56%) e Rio Branco (20,49%)
56,07% foi o indicador médio do tratamento de esgotos nos 100 maiores municípios em 2018 – igualmente ridículo foi o avanço na comparação com 2017 quando o indicador registrado foi de 55,61%. Segundo o SNIS, a média nacional foi de 46,3%.
37 das 100 cidades mais populosas do Brasil tratam menos de 40% dos esgotos; apenas 26 municípios tratam 80% ou mais.
0% é o índice de esgoto tratado referido à água consumida nos municípios de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e Governador Valadares, no norte de Minas Gerais: esse indicador mostra, em relação à água consumida, qual porcentagem do esgoto é tratada; quanto maior for essa porcentagem, melhor deve ser a colocação do município no ranking
32,63% da população de Ananindeua, no Pará, tem abastecimento de água tratada – também o pior índice entre as 100 maiores cidades brasileiras
89 dos 100 municípios têm mais de 80% das pessoas com água tratada
34,40% foi o indicador médio de perdas de água nas 100 maiores cidades; significativo avanço em relação aos 39,50% de 2017
77,11% é o índice de perdas de água em Porto Velho, o maior do ranking
75 das 100 cidades têm perdas superiores a 30%