Por Rogério Maestri, compartilhado de Jornal GGN –
Bolsonaro não precisou de camisas negras ou marrons para reprimir as populações periféricas, ele tem a polícia que faz o serviço sem a necessidade de nenhuma despesa privada.
O autodenominado grupo progressista abriu caminho para as oligarquias conservadoras e semifascistas e ainda não se deram conta disso.
Qual a diferença de um coronel do nordeste, um caudilho do Rio Grande do Sul e um pseudo-liberal da região sudeste de um eleitor e candidato de Bolsonaro? Em termos de programa político e pauta social exatamente nenhuma, entretanto a esquerda gastou o seu verbo em chamar Bolsonaro e sua meia dúzia de apoiadores de fato de fascistas. Esse libelo democrático esqueceu de dizer que figuras conservadoras da política tradicional fazem tanto ou até mais mal do que os protofascistas de botequim que seguem as palavras de ordem do Bolsonaro.
A direita oligárquica só mostra a sua face fascista quando é necessário, quando tem um espantalho como Bolsonaro ou ela o utiliza para tomar o poder ou o descarta quando ele não é mais necessário.
O discurso da esquerda em geral, a pequeno burguesa ou até a revolucionária, se perdem na tentativa de ensinar história ao povo brasileiro esquecendo que a história de racismo e opressão não necessitou de uma organização totalitária institucional como partidos fascistas ou nazista para escravizar os negros ou mantê-los debaixo do relho quando ele se tornaram “livres”.
Bolsonaro não precisou de camisas negras ou marrons para reprimir as populações periféricas, ele tem a polícia que faz o serviço sem a necessidade de nenhuma despesa privada.
A esquerda light e cirandera fica toda assustada quando vê movimentos fascistas e por incrível que pareça correm para a polícia para defende-la, ou seja, saem do fogo e vão para a caldeira, já a esquerda revolucionária, reduz o discurso simplesmente a chamar todos de fascistas sem explicar direito qual é o problema dessa ideologia.
No meio de toda essa confusão criam-se partidos de direita com um aparente discurso de esquerda tais como o PSB e PDT que estão um pouquinho afastado do discurso protofascista, mas não muito, não podemos esquecer que o saudoso PTB de Leonel Brizola associou-se ao Partido de Representação Popular (sucessor da Ação Integralista Brasileira) para ganhar o governo do estado do Rio Grande do Sul, logo seus sucessores que estão bem mais a direita do que Brizola, cruzar a ponte não é tão difícil.
Siglas políticas no Brasil são verdadeiras fantasias, temos um PCdoB que por pouco abandonou a palavra Comunista e a bandeira vermelha, por outro lado partidos bem a direita com o S do social ou socialista temos vários, sem contar dos famosos quinta colunas do próprio PT que quando no governo não tem vergonha de mandar a polícia baixar o porrete nas costas do povo. Chamar por exemplo o PP de Partido Progressista é uma piada de extremo mal gosto, todo o partido é baseado na oligarquia rural mais conservadora e atrasada do país, a uma coisa que eles têm de progressista são os modelos mais modernos das camionetes importadas.
Parece que tanto os partidos mais a esquerda como os jornalistas que comentam assuntos políticos não sabem que partidos que votam em massa ou até parcialmente retirando direitos trabalhistas, previdenciários e outros não podem ser chamados de partido de esquerda, no lugar de ficar pensando em frentes com partidos claramente de centro direita que se travestem de esquerda, o mais interessante era olhar como esses grupos atuam no mundo real, não em discursos ou campanhas eleitorais.
Muitas vezes a esquerda é chamada de sectária porque não aceita aliança com A ou B, mas antes de qualquer decisão deve deixar claro que determinados tipos de ações, como votações e outros apoios, deixam claro qual a posição política dos partidos, tornando-os claramente quinta coluna na esquerda, logo eles devem ser denunciados e isolados, pois não se pode contar com esses partidos pois quem já traiu uma ou mais vezes trairá sempre.
Já os partidos claramente de direita como DEM, PP e outros, passaram incólumes das críticas da esquerda, inclusive na presença do espantalho Bolsonaro a própria esquerda reforçou esses partidos, fazendo com que a falsa esquerda mais a real direita conseguisse progredir em conjunto enfraquecendo a esquerda. Ou seja, o fascismo recatado passou escondido sem nenhuma crítica.