Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado
Pode parecer paradoxal, mas a cada nova pesquisa de avaliação pior, mais está evidente que Luiz Inácio Lula da Silva é o único candidato viável para impedir a vitória dos fascistas na eleição presidencial de 2026. É Lula ou o caos da Democracia.
Aos fatos: mesmo na maré adversa, Lula continua com um piso de 40% de aprovação. Poderia ter mais, mas é um percentual bem razoável para iniciar uma campanha. Todo governo tem tendência de melhorar a avaliação em final de mandato, quando se aceleram as entregas, e Lula permanece como o político que melhor fala com o eleitorado mais pobre do País. A não ser que o imprevisto aconteça, Lula, em estimativa fiel à realidade, dificilmente não terminará o primeiro turno na dianteira.
É importante sublinhar a importância de “imprevistos”. Na última pesquisa divulgada pelo DataFolha, Lula já havia estancado o sangramento na popularidade. Mas aí veio o episódio da rapinagem de velhacos nas já pequenas aposentadorias de trabalhadores.
O escândalo, e não dá para utilizar outra palavra, do INSS feriu sim o governo, por mais que ele tenha nascido na administração Bolsonaro. Mas houve crescimento expressivo dos desvios já os últimos anos e o então ministro da Previdência foi no mínimo leniente ao não tomar previdência alguma, mesmo depois de alertado sobre o que ocorria no INSS. Luppi foi demitido, mas o ônus sobrou para o governo Lula. É fato.
No escândalo do INSS, ficou claro que os grandes meios de comunicação seguiram a ordem unida de açoitar Lula. Aí é que está a sinalização para 2026. Os barões da mídia já têm mais de um ano fecharam com o governador paulista, Tarcísio de Freitas, para enfrentar Lula no próximo pleito ao Planalto.
Beneficiado por uma cobertura jornalística complacente com os desmandos de quem comanda o Estado mais rico do País, Tarcísio segue o script de deixar os bobalhões nanicos tipo Zema, Caiado e Ratinho Jr. recolherem-se às suas insignificâncias para ser ungido na hora certa como candidato do bolsonarismo que usa talher para comer e de toda direita que finge ser “democrática”.
Haverá ainda uma tentativa de, pela quarta ou quinta vez, fazer de Ciro Gomes um postulante viável. O próprio Ciro vem acenando a bolsonaristas e até seguidores de ultra-esquerda começam a enxergar no candidato de 3% em 2022 uma possibilidade. Essa estranha junção de fascistas arrependidos e comunistas sem voto naturalmente terá vida curta.
O jogo já está mapeado. Será a mais difícil de todas as campanhas presidenciais de Lula desde 2002. Um governo com os indicadores econômicos do atual deveria estar nadando de braçada hoje. Mas não está.
Resumindo, o Brasil, em termos eleitorais, hoje repete quase que totalmente o quadro saído de 2022. Lembremo-nos que Lula venceu por margem mínima. Quem era bolsonarista continua fascista, gostemos ou não, achemos inacreditável ou não. Ou antipetista acima de tudo.
Para Lula, o embate será mais difícil por não contar com a “neutralidade” da mídia hegemônica que ocorreu na última disputa presidencial no segundo turno. Os barões da mídia detestam Lula para sempre mas, em análise honesta, também queriam o fim da ignorância das trevas. Agora não.
Acharam o “Bolsonaro limpinho” que sempre sonharam. Portanto, estamos, muito mais do que no passado recente, dependendo de Lula. Deixem o homem organizar seu governo e a campanha e não encham o saco.